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Cidades-Irmãs: desconhecido valor
Sexta-feira, 30 de Abril de 2010 Enviar por e-mail Versão para Impressão acessos
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Desde criança, sem a exata consciência, mas, imperceptivelmente, por necessidade ou vocação, venho desenvolvendo, acumulando, fortalecendo e, por isso, consolidando a convicção de que o bom relacionamento é fundamental ao ser humano. Esteja ele onde estiver no Planeta. Infelizmente, nem sempre isto ocorre. Seria ótimo se a perfeita sinergia fosse permanente dentro de casa, entre os vizinhos, nos bairros, cidades e assim, sucessivamente, até entre povos de nações diferentes.

Não se trata de retórica nem de insistir no óbvio, mas de uma simples reflexão. No cotidiano, ao nosso redor, constatamos como nos sentimos melhor quando, com elegância e simpatia, pedimos ou apresentamos algo. As portas se abrem e, mesmo que os objetivos não se concretizem, fica um saldo positivo inimaginável para todas as partes.

Aliás, vale observar que o bebê, instintivamente, chora para ser atendido. Quando querem algo, muitas crianças pedem tão amorosamente que não há coração que resista. As mulheres, sim, as nossas mulheres, são especialistas na arte de pedir, serem atendidas e ainda conseguirem ouvir de nós, os maridos, “muito obrigado!”

O espaço é pequeno e não comporta infindáveis exemplos e fatos propositivos, advindos de bons relacionamentos. Porém, minha intenção é a reafirmação contínua de que a prática das boas relações é uma poderosíssima ferramenta em benefício do desenvolvimento sustentado, da qualidade de vida, da paz entre os seres humanos e nações, enfim, da almejada felicidade.

Alicerçado nessas considerações e com conhecimento de causa, afirmo o quanto é importante o “Convênio Cidades-Irmãs” entre Mogi das Cruzes e os municípios japoneses de Seki e Toyama, oficializados nos anos de 1969 e 1979. O processo foi iniciado pelo falecido imigrante Adachi (da Cerâmica Adachi, no Bairro de Porteira Preta), nascido em Seki e prosseguiu por meio de famílias vindas de Toyama.


Nos primórdios, o embasamento desses acordos era, quase exclusivamente, o sentimento de amizade e, dela esposada, comitivas das duas cidades visitavam os mogianos, pelo menos, a cada quatro anos; as autoridades locais retribuíam as visitas.

O intercâmbio concentrava-se nos setores cultural, educacional, esportivo e social. Ao longo de décadas, Mogi sempre recebeu muito mais do que ofereceu, por conta da desproporcionalidade em termos de grandeza econômico-financeira entre as duas Nações.

Para se ter ideia das contribuições recebidas das irmãs nipônicas, vale comentar que, na década de 80, a renda obtida com a venda de toneladas de roupas, praticamente novas, doadas por Toyama garantiu a instalação de gabinete odontológico na Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) e a construção de duas creches. Com as doações de Seki, mais uma unidade foi erguida e outra ampliada. A Cidade também ganhou três ambulâncias e equipamentos esportivos para beisebol, entre outros.

A cooperação incluiu a implantação de fonte luminosa no pátio da Prefeitura, construção de salas de aula e a permanência de professores do Japão para aprimorar o ensino da língua japonesa. E isto foi só o começo.

Muitas outras contribuições viriam ao longo dos oito anos em que estive à frente da Prefeitura de Mogi. Coincidindo com o início da gestão, em 2001, e já com o mundo globalizado, a parceria ganhou dimensões bem maiores. Passou a agasalhar também interesses bilaterais nos campos econômico, empresarial, tecnológico e ambiental.

Ainda naquele ano, lideramos uma comitiva oficial ao Japão. A bagagem voltou lotada de resultados positivos. Com recursos do governo japonês, implantamos o primeiro Laboratório Municipal de Análises Clínicas e a cozinha comunitária na Casa da Criança Cristo Redentor, administrada por Padre Atílio. A Cidade também ganhou uma Cooperativa de Flores no Bairro do Taboão, integralmente custeada pelo País do Sol Nascente. Vale citar ainda a vinda de cerca de 10 técnicos japoneses que ficaram cinco anos no Bairro do Itapeti para ajudar no aperfeiçoamento da produção de flores e orquídeas

Confirmando a magnitude do intercâmbio, a Cidade foi escolhida para sediar empreendimentos do Japão e multinacionais japonesas com unidades em Mogi atenderam nossos pedidos. A Rinnai Corporation ampliou em mais de cinco vezes a fabricação de aquecedores de água a gás. No ano anterior, portanto, em 2000, o Brasil havia sofrido o primeiro grande Apagão de energia elétrica. A Nachi-Fujkoshi Corporation transformou a fábrica mogiana em ponto estratégico para modernização e crescimento do grupo, especialmente nos negócios com países do Mercosul. Já a NGK investiu na modernização do sistema produtivo, ampliou a linha de produtos e aumentou significativamente a produção de velas de ignição e cerâmica, além de doar à Prefeitura as instalações de sua antiga fábrica, na área central da Cidade.

Na esfera dos avanços tecnológicos propiciados pelos convênios, destaca-se o trabalho das multinacionais japonesas na reformulação do conceito administrativo, absorvido por nossas empresas, que passou a ser pautado na redução de custos com melhor qualidade dos produtos em benefício do consumidor. Outras contribuições importantes destinaram-se ao meio ambiente. Em especial, para solucionar os problemas causados pela gestão inadequada dos resíduos sólidos domiciliares, industriais e hospitalares – área em que o Brasil está atrasadíssimo.

O Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, em 2008, coincidiu com o último ano do nosso governo. Entre 2007 e 2008, Mogi recebeu visitantes ilustres, como prefeitos de Seki, Toyama e Hamamatsu e o governador Katsusada Hirose, da Província de Oita – berço dos meus ancestrais – além de presidentes de Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, deputados estaduais e federais, vereadores e lideranças da sociedade civil. Eles trouxeram valiosas peças históricas de suas terras de origem, que compõem os acervos do Museu da Imigração e do Memorial das Cidades-Irmãs, ambos no Parque Centenário.

Tentei dimensionar a importância do bom relacionamento humano e mostrar que contém princípios aplicáveis em nível ilimitado. Não há fronteiras para a convivência harmoniosa. Prova disso são convênios simples, como o das “Cidades-Irmãs”, exercitados quando há vontade política.

Em Mogi das Cruzes, a prole da família mundial está prestes a crescer, com a adesão do município de Hamamatsu. As tratativas para o acordo começaram em 2006, junto ao presidente da Associação Brasileira de Hamamatsu (Abrah), Etsuo Ishikawa. Embora pouco conhecido, este tipo de intercâmbio gera bons resultados em qualquer lugar do Brasil. E não tem de ficar restrito ao Japão. Pode perfeitamente ser firmado com cidades dos mais diferentes países, como Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, China, Coréia e outros de onde vieram imigrantes que muito fizeram e continuam fazendo pelo desenvolvimento da Nação brasileira.
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