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Extremismo não!
Ter�a-feira, 27 de Abril de 2021 Enviar por e-mail Versão para Impressão acessos
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Intolerância geral, racismo e xenofobia são tipos de violência recorrentes no mundo inteiro. Por ser brasileiro descendente de imigrantes japoneses, conheço bem as consequências nefastas desses crimes. Enquanto criança e jovem, antes, durante e após a 2ª Guerra Mundial (1945), até o ressurgimento do Japão, após a derrota, como destaque mundial no campo econômico, as ofensas à nossa honra e dignidade eram constantes. Ocorriam até agressões físicas. Com o passar dos anos, diminuíram quase por completo.

A integração amainou a dita intolerância e racismo contra nós que éramos considerados “olhos rasgados ou puxados”, baixinhos, “gente de 3ª classe”. Viramos alvos de chacotas do tipo: “acorda japonês”, “chega de dormir e volta para o seu país”... Mas, graças a Deus, isso ficou no passado.

Vale lembrar que a intolerância é gerada também por questões sociais.

Hoje, comento a xenofobia. Trata-se de sinônimo de nacionalismo, nativismo, patriotismo, chauvinismo, jingoísmo e bairrismo. A expressão surgiu da junção de duas palavras do idioma grego: xénos (estrangeiro e estranho) e phóbos (medo), que significa medo do diferente ou medo do estrangeiro. É a rejeição ou hostilidade direcionada a algo ou alguém que não faz parte do local onde se vive.

Esse sentimento de repugnância e intolerância causa graves impactos na saúde psicológica e mental do ofendido. Infelizmente, a xenofobia voltou com vigor nesta pandemia. No ano passado (2020), quando surgiu o mortal vírus, na cidade de Wuhan, na China, com propagação meteórica em todos os quadrantes do planeta, começou a caça às bruxas. Em especial, porque a China é um país fechado quanto à transparência das notícias e se agiganta como a 2ª maior potência econômica mundial, o que fomenta atritos com grandes nações dominadoras, como os EUA.

Coincidentemente, o então presidente dos EUA, Donald Trump – um dos piores mandatários da história daquela nação –, tudo fez para responsabilizar a China e os chineses pela pandemia. O presidente do Brasil, aliado e submisso ao incompetente Trump, desde o início, agiu da mesma forma, rejeitando a vacina chinesa CoronaVac e defendendo a sua preferida, AstraZeneca/Oxford. Porém, de forma intencional ou por desconhecimento, ignorou que os insumos para a fabricação da AstraZeneca/Oxford são totalmente produzidos na China. Aliás, na semana passada, a Agência Nacional de Saúde (Anvisa) autorizou os testes de uma nova vacina no Brasil, a chinesa Sichuan, da empresa Sichuan Clover Biopharmaceuticals. Ah, se não fosse a China, estaríamos praticamente sem imunização!

A xenofobia do governo brasileiro também coloca em risco o sucesso das nossas invejáveis commodities. Falo do agronegócio e minérios que, entre outros, sustentam nossa economia, tendo a China como a maior parceira comercial do Brasil. A República Popular da China é a maior importadora de minérios de ferro, soja, trigo, arroz, carnes (suínos e bovinos) e suco de laranja, entre outros produtos.

Com todas as argumentações contra a China, desferidas pela maior autoridade brasileira, a pequena parcela radical e extremista do povo brasileiro, imperceptivelmente, segue o discurso presidencial, espalhando agressividade também contra os chineses que adotaram o Brasil de corpo e alma, assim como seus descendentes, a maioria deles, brasileiros natos. Triste e lamentavelmente, acabam vistos como responsáveis pela geração e propagação da Covid-19.

Vejam o caso do chinês Huang Zhen Sheng (29), que está no Brasil há 10 anos, mora no Rio de Janeiro, é casado com uma carioca e pai de uma menina de 2 anos. Não bastassem as piadas pelos olhos amendoados, a pandemia deu lugar às ofensas.

O casal estava com um amigo chinês numa lanchonete, quando um dos coletores de limpeza urbana proferiu, de cima do caminhão, uma enxurrada de provocações xenofóbicas. Olhando para Sheng e o amigo, disse que ambos deveriam voltar pra China, porque trouxeram a doença. O xingamento veio cheio de palavrões e o desejo de morte para os chineses. Num outro episódio, dentro de um shopping, Sheng foi chamado de “coronavírus”.

Como ser humano, cristão e cidadão brasileiro, cônscio das responsabilidades cívicas e comprometido com a luta em prol da diversidade, conclamo a todos, alvos ou não de intolerância, racismo e xenofobia, a repudiarem essa violência, assim como a denunciarem ocorrências do gênero às autoridades públicas, pelo disque 100. Não vamos deixar barato, omitindo agressões dessa amplitude, visto que os radicais, extremistas e ignorantes atuam exatamente pelas nossas omissões, porque se julgam acima da lei e imunes às punições! #Denuncie100

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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