O dia seguinte

Segunda-feira, 04 de Maio de 2020


É prematuro desejar saber como será nossa vida após a pandemia de Covid-19, sem conhecer os meios de superar o vírus? Pelo atual estado de espírito, a maior aspiração é a descoberta da vacina para o novo coronavírus. A pandemia gera, continuamente, notícias trágicas. São crianças que ficaram órfãs, avós sofrendo a partida dos netos e vice-versa, o médico que não conseguiu salvar a mãe, a enfermeira que sucumbiu cuidando de pacientes, a esposa grávida que enviuvou e terá de cuidar dos filhos sozinha... Há ainda os médicos de UTI tendo de escolher quem viverá por falta de estrutura para todos os doentes. Além dessas agruras, a dor do adeus que não se pode dar.

Nos últimos anos, cresceram muito as agressões de toda ordem, assim como a intolerância racial, social, religiosa e de gênero, o uso e tráfico de drogas, as fake news, a corrupção, a violência. Ainda assim, a maioria da população mundial, e notadamente a brasileira, prega e pratica a solidariedade, a caridade, o respeito e o amor a Deus. São sentimentos fundamentais na construção da paz e da felicidade.

Sem demérito de outros povos, creio que o Brasil, por ser um país inigualável, plurirracial e multicultural, abriga habitantes com sentimentos de solidariedade e gratidão mais latentes.

Temos o dever de respeitar as pessoas, os outros seres vivos, todo o meio ambiente! Nunca praticando abusos por mais que nosso regime democrático proporcione liberdade quase total.

Abomino a atuação de uma minúscula parcela, extremamente radical, do povo paulistano que, dias atrás, promoveu um protesto contra o isolamento social – medida imperiosa para reduzir a disseminação da Covid-19. Desprovidas de civilidade e alheias à legislação, essas pessoas deram um odioso show de abusos e ignorância. Com buzinaço em frente a hospitais, afrontaram o sofrimento de doentes e seus familiares, além de desrespeitar dedicados profissionais de saúde e voluntários. A selvageria incluiu o bloqueio à circulação de ambulâncias nas vias centrais da Capital, impedindo o transporte de vítimas.

Respeito o direito às manifestações, desde que ordeiras e pacíficas. Igualmente, condeno a postura dessa meia dúzia de extremistas, que impõem seus pontos de vista, sem considerar a existência dos demais habitantes do planeta. Agridem e agem maldosa e criminalmente. A indiferença é a banalização da desgraça alheia.

Apesar dessa triste demonstração, tenho convicção de que, superados a pandemia e o rastro de sofrimento, dor e saudade, ressurgirão fortalecidos em nosso povo os sentimentos dignos e cristãos. Isso impulsionará ainda mais a bondade, a solidariedade, o respeito e a caridade que são, sem sombra de dúvida, nossa marca registrada! #EuAcreditoNoBem

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


Junji Abe Deputado Federal