Não ao sexismo

Terça-feira, 23 de Fevereiro de 2021


Sempre houve parcela da população com posturas extremistas. Infelizmente, isso perdurará, apesar de a maioria dos países registrar gradual redução. Em nações que prezam a democracia, o ímpeto dos radicais tem índices infinitamente menores, se comparado com aquelas de regime ditatorial.

Brasileiros que prezam a diversidade, tolerância e respeito às diferenças, como é o meu caso, ficam tristes diante de atitudes e declarações de compatriotas que agridem gratuitamente quem é diferente. Respeito, mas discordo. Absorvo essas posturas de gente de todas as nacionalidades. Mas, sinto um golpe maior quando vêm do Japão, país dos meus queridos ancestrais. E pior, se vêm de uma autoridade japonesa, a tristeza se junta à repulsa e indignação.

Em 3 de fevereiro, a imprensa internacional registrou um fato que gerou revolta mundial. Yoshiro Mori (83), então presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e que já foi primeiro-ministro do Japão (2000-2001), fez uma declaração carregada de sexismo (sinônimo de machismo, misoginia, androcentrismo e ginofobia, entre outros).

O pronunciamento ocorreu em reunião do Comitê Olímpico Japonês, onde foi anunciada a intenção de ter um conselho de administração integrado por 40% de mulheres, aumentando em 20% a presença feminina. Yoshiro Mori se mostrou contrário à proposta, afirmando que as mulheres falam demais e, por isso, em setores executivos de empresas, irritam por alongar demais as reuniões.

A indignação generalizada atingiu o atual premiê japonês, Toshihide Suga. Ele foi alvo de intensas vaias da oposição no Parlamento, ao declarar que não estava a par dos detalhes do caso para comentar, tentando isentar-se de culpa. Fez o inverso da ministra dos Jogos, Seiko Hashimoto, que apontou a igualdade entre homens e mulheres como princípio no coração do olimpismo.

Apesar do pedido formal de desculpas, as reações de repulsa a Mori ecoaram mundo afora. Esportistas protestaram nas redes sociais contra a desastrada fala da autoridade nipônica.

Alguns japoneses mais exaltados rememoraram que, nos tempos de samurai, em que o machismo era latente no Japão, ações muito menores levavam esses guerreiros ao chamado harikiri ou seppuku (suicídio), em nome da honra ou desonra. Com justiça, clamaram pela renúncia imediata de Yoshio Mori do cargo. Porém, o denunciado estava irredutível. Com a gigantesca pressão, finalmente, no dia 12 último, ele renunciou, durante reunião do Conselho Executivo de Tóquio 2020, convocada para discutir seus lamentáveis comentários machistas.

Em 17 de fevereiro, Seiko Hashimoto (56) assumiu, em decisão unânime, a presidência do Comitê Organizador Olímpico de Tóquio 2020. Ela é ex-atleta olímpica, ex-ministra do Gabinete Japonês de Jogos Olímpicos e ex-ministra de Igualdade de Gêneros.

Fico muito feliz! Desde criança, aprendi que a igualdade entre homens e mulheres deve prevalecer em todos os sentidos. Logo que assumi a 1ª gestão como prefeito de Mogi das Cruzes, em 2001, por meio da Secretaria Municipal de Educação, sediamos o Fórum Nacional da Diversidade. Foi um sucesso estrondoso, que extrapolou os limites da Cidade, ecoando por todo o País!

Em recente artigo, destaquei a importância da paridade de gêneros. Já diziam meus avós e pais, nada de homem na frente ou mulher na frente; precisam caminhar lado a lado. Ficou a lição deles, imigrantes vitoriosos que superaram obstáculos por priorizar a harmonia permanente entre os casais. É o princípio que defenderei intransigentemente na luta por uma sociedade mais igualitária e harmônica, onde reinem a paz, o amor e felicidade!

Foto: Charly Triballeau / AFP Photo

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


Junji Abe Deputado Federal