Vigília da felicidade

Terça-feira, 06 de Abril de 2021


Neste longo período de isolamento social, notadamente para pessoas com idade mais avançada, as reflexões sobre a vida tendem a aumentar. Aí, deparei-me com a notícia sobre o Relatório de 2020, da Gallup Word Poll, sobre os países mais felizes do mundo.

Pela 4ª vez, a Finlândia levou o título de nação mais feliz do mundo, à frente de Islândia (2º) e Dinamarca (3º). O Brasil ficou em 41º, porém, antes da China (52º), Portugal (53º) e Colômbia (54º). A classificação alicerça-se em situações bem definidas: níveis do Produto Interno Bruto (PIB), expectativa de vida, generosidade, apoio social, liberdade, renda e uma confiança mútua entre sociedade e o poder público. Frustra minha avaliação antecipada sobre itens como clima tropical, condições hídricas, miscigenação ética, povo extrovertido e generoso, dentre outros fatores preponderantes no Brasil.

Dentre os critérios do Relatório, curvei-me sobre os elementos PIB e confiança mútua povo-poder público, os itens faltantes neste gigante e fantástico Brasil. Sem pretensão de especialista, analiso humildemente a correlação entre felicidade, um país e seu povo. O dicionário nos ensina que o sinônimo de felicidade pode ser alegria, satisfação, contentamento, bem-estar, prazer, júbilo, gosto, deleite, regozijo, euforia, bem-aventurança, sorte, vitória, triunfo, glória, etc... As pessoas entendem de diversas formas a maneira de ser feliz. Para uns, é encontrar um parceiro(a) ideal; para outros, é ganhar muito dinheiro. Enfim, cada qual sente-se feliz de formas idênticas e diferentes, mas todos clamam por bem-estar, alívio dos sofrimentos e realização.

Para atingir esse intento, é necessário alcançar a paz interior e isso vem antes de conquistas campo materiais. A felicidade e a paz interior não são restritas a determinadas classes sociais e nem permanentes. Os altos índices de depressão, dependência química e suicídios, proporcionalmente, atingem mais as classes abastadas, em contraste com famílias humildes que, sem posses, são felizes, com união, alegria e harmonia entre seus entes queridos.

As reflexões nos levam à condição de que ser feliz e ter paz interior são estados naturais do ser humano. Independem de cor, credo, renda e gênero. São estados emocionais de pessoas que gozam de plena harmonia no seu entendimento sobre a vida, com otimismo e gratidão por poder existir, respirar e se alimentar.

Ser feliz não significa sentir prazer o tempo todo. Felicidade é viver e desfrutar o momento presente, como também fazer algo com um objetivo futuro, uma meta que faça sentido a longo prazo.

Nesta reflexão, sinto-me privilegiado! Mesmo como cristão católico, na adolescência, tive a oportunidade de acompanhar constantemente meus avós ao templo budista. Ouvia atentamente os sermões dos monges, que calaram fundo na minha mente como lição de vida. Aprendi que cada um precisa alcançar a paz de espírito para ser feliz, e que a felicidade não é permanente. É efêmera, como o dia e a noite; o verão e o inverno. Acima de tudo, cada um tem de valorizar profunda e conscientemente cada momento para sentir felicidade.

Privilegiados por vivermos num país fantástico, nós, brasileiros, temos o dever de participar efetivamente dos assuntos que envolvem a sociedade. No campo político, não basta reclamar, mas sim, exercer acompanhamento e fiscalização dos agentes políticos, governantes e gestores públicos de todas as esferas de poder. Assim, podemos aumentar os momentos de felicidade, conquistando um dos itens no Relatório da Gallup Word Poll: a confiança mútua entre a sociedade e o poder público. #PovoMaisFeliz

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


Junji Abe Deputado Federal