Delfim e Mogi

Sexta-feira, 23 de Agosto de 2024


#DelfimEMogi – Em 12 de agosto, aos 96 anos, morreu em São Paulo, o superministro Delfim Netto, reconhecido economista e professor titular e emérito de Análise Macroeconômica da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Secretário nos governos paulistas de Carvalho Pinto e Laudo Natel, ele também deixou conquistas de relevância ao Brasil, como Ministro da Fazenda, Embaixador do Brasil na França, Ministro da Agricultura e Ministro do Planejamento.

Durante sua passagem na Fazenda, o Brasil registrou crescimento médio anual de 9% do PIB, período conhecido como milagre econômico, e Delfim Neto, como superministro da Fazenda. Nos anos de 1968 a 1974, o PIB chegou a atingir 10,9% a 13,6%. A economia surfava ondas favoráveis de tal ordem que a frase atribuída ao ministro Delfim merece registro: “Fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”. O governo militar tinha sede de marcar suas conquistas, com grandes obras como a Rodovia Transamazônica, as usinas hidrelétricas de Itaipu e Tucurui, a Ferrovia do Aço, o Complexo Industrial de Suape e a extraordinária Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fundada em 1973. Também houve obras fracassadas, como a Rodovia Rio-Santos na encosta da Serra do Mar que, inacabada, foi abandonada.

Para a agropecuária, Delfim Netto foi inigualável. Amparou os agricultores com o programa de financiamento rural de custeio com subsídios de 40%, ou seja, no vencimento, amortizávamos ao banco somente 60% do valor financiado. Já a Embrapa revolucionou a agropecuária nacional, tornando-a a mais importante do mundo.

Mogi das Cruzes, especialmente, lhe deve muito. Em 1980, enquanto presidente do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes/SP, fizemos uma solicitação ao então Ministro da Agricultura, Delfim Netto, por meio do economista Paulo Yokota, então presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para o governo federal promover a regularização fundiária dos bairros rurais de Itapety e Lambari. Era uma área de aproximadamente 1.800 hectares, onde aproximadamente 700 mini e pequenos agricultores, com média de 5 hectares cada, não possuíam escrituras registradas em cartório e trabalhavam como posseiros, sem direito aos financiamentos agrícolas.

Fomos atendidos. Em 1982, os agricultores conquistaram suas escrituras definitivas, com intervenção do governo federal que fez a histórica reforma agrária na área. Foi uma legítima conquista dos pequemos proprietários rurais que tornaram a região do Itapety a mais produtiva em flores, plantas ornamentais e orquídeas do Brasil, relevando ainda mais a já extraordinária produção de hortaliças, caqui, nêspera, cogumelos, ovos de codorna e outros no chamado Cinturão Verde mogiano, campeão do Brasil. Tal fato nos deu legitimidade para a expressão produtos hortifrutiflorigranjeiros.

Ao eterno professor e emérito economista Delfim Netto, a nossa gratidão! #DescanseEmPaz

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


Junji Abe Deputado Federal