Justiça para Joca

Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024


#CãoNãoÉBagagem – O cão Joca, da raça Golden Retriever, de 5 anos, morreu vítima de falha e de total irresponsabilidade da empresa Gollog, prestadora de serviços da Gol Linhas Aéreas. Foi em abril e somente em 29 de julho último, a Justiça de São Paulo determinou que a Polícia Civil apure com a Gollog, se o comandante do avião sabia que o cachorro Joca estava a bordo. Segundo o relatório final, “houve efetivo erro no embarque do animal”, em uma caixa de transporte lacrada. Pasmem!

O juiz Gilberto Azevedo Costa também pediu informações sobre a sindicância interna da empresa Gollog e as medidas tomadas após a morte de Joca. Para se ter ideia, no começo de julho, a Polícia Civil de São Paulo encerrou a investigação e ninguém foi indiciado. Seria pelo fato de a vítima ser um animal? Absurdo! Toda vida importa!

O magistrado também incluiu um pedido de apuração à Infraero. Porém, a gestão do Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP, onde Joca embarcou, informou que a responsabilidade é da GRU Airports. Enfim, sempre a velha desculpa e a rotina de cada um se safando do ocorrido.

A verdade é o laudo da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), que concluiu que a causa da morte do cachorro foi “choque cardiogênico”, ou seja, ineficiência do coração em bombear o sangue para os órgãos, em função de Joca haver sido transportado em caixa lacrada, sem qualquer ventilação.

Vamos relembrar: Joca pesava 47 kg e deveria ser conduzido do Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP (voo 1480) para Sinop/MT, onde estava seu tutor, João Fantazzini. Por um erro grosseiro, foi transportado para Fortaleza/CE. Após a falha, houveram por bem, reconduzi-lo para Guarulhos, onde Joca foi encontrado sem vida pelo tutor.

O médico veterinário informou ao tutor que o animal poderia suportar uma viagem de até 2 horas. O equívoco no trajeto elevou a jornada para 8 horas. E o pior da história: Joca foi transportado como se fosse bagagem, num ato criminoso dos responsáveis. Na época da tragédia, em razão da enorme repercussão, a Secretaria Nacional do Consumidor – Senacon (vinculada ao Ministério da Justiça) intimou a Gol a prestar esclarecimentos. Também o Ministério de Portos e Aeroportos com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciaram a investigação do caso, em parceria com a Delegacia do Meio Ambiente de Guarulhos/SP, que instaurou inquérito policial para investigar a morte, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Até o presidente Lula veio ao público para manifestar pesar e afirmar que a “Gol deve prestar conta”.

“Eles deixaram o cachorro no sol na pista dentro da caixa, sem ventilação e sem água. Nosso Joca chegou a São Paulo e deram a notícia de que ele estava morto. Acabou com a nossa família, ele era nossa família! Nada vai trazer o nosso Joca de volta”, declarou Fantazzini.

E como anda a investigação sobre o caso? Até a presente data, nem empresas e nem funcionários foram indiciados. Será que um novo protocolo de transporte de animais entrou em vigor para prevenir casos como este no futuro? Pelo que se saiba, nada.

O fato incontestável é que os animais não podem ser transportados como bagagem ou carga. Quem tem animal de estimação sabe o tamanho do amor que nutre e os reconhece como parte da família. #TodaVidaImporta #JustiçaParaJoca

(Imagem: Reprodução/TV Globo)

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


Junji Abe Deputado Federal