Agropecuária

Junji vai colaborar com Embrapa

Convite partiu do presidente, Pedro Arraes, impressionado com conhecimentos do deputado sobre o setor agropecuário e a sua proposta de reforma agrária

17/03/2011


O deputado federal Junji Abe (DEM-SP) irá colaborar com as atividades da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a convite do presidente da instituição, Pedro Arraes, que ficou impressionado com o conhecimento técnico, a experiência e o histórico de liderança do parlamentar no setor. Não foi só. O dirigente da instituição interessou-se pelo modelo de reforma agrária proposto pelo democrata, que prevê a reformulação do atual sistema com a principal vantagem de evitar o êxodo rural, marcado por famílias que desistem da agricultura pouco tempo depois de contempladas com as áreas.

Feroz combatente das invasões de terras, Junji sempre criticou o modelo usado pelo governo para promover a reforma agrária. “Não adianta dar um pedaço de terra a uma família, proporcionar o capital inicial e deixá-la lá. Por mais boa vontade que tenha, não conseguirá garantir nem o próprio sustento e, logo, terá desistido da atividade e voltado para os bolsões urbanos de miséria”, apontou.

O ponto de partida para uma reforma agrária com chances de êxito é verificar se os candidatos a receber áreas para o plantio têm vocação para a agricultura, como detalhou o deputado, completando: “Enquanto a cidade dorme, antes de o sol raiar; ou descansa nos finais de semana e feriados, os agricultores trabalham para abastecê-la. Não é todo mundo que aguenta o tranco”. Ele frisou que se tornar produtor rural é uma opção de vida e não um “quebra-galho” para quem está desempregado.

“Em primeiro lugar, vem o ser humano. Depois, o pedaço de terra”, simplificou Junji ao reforçar que o conceito de reforma agrária precisa ter como foco a pessoa e não a área. Quem tem vocação e está disposto a se dedicar à produção agrícola, observou ele, tem de receber, antes, todo treinamento e, depois, assistência técnica permanente para produzir com eficiência e rentabilidade.

Ainda enfocando a importância da qualificação profissional para o sucesso da reforma agrária, Junji citou que o governo paulista, por exemplo, dispõe de uma rede apropriada de ensino técnico, de nível médio e superior – Etec’s e Fatec’s. “Seriam estruturas ideais para formação profissional que, associadas a um grande programa de extensão rural, garantiriam aos futuros contemplados com terras o suporte necessário para se consolidarem não apenas como produtores, mas sim, como empresários rurais”.

O deputado foi mais longe. Falou ao presidente da Embrapa sobre o projeto que idealizou e que entusiasmou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Gonçalves Rossi. Trata-se da implantação de um megacomplexo na Grande São Paulo, que concentraria comercialização e distribuição de produtos e insumos agrícolas a todo Brasil, entre outras atividades.

O empreendimento acabaria com o drama de produtores rurais, permissionários e comerciantes que atuam na arcaica e desestruturada Ceasa do complexo Ceagesp – Central de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, onde as mercadorias são perdidas nas enchentes, a cada chuva forte.

O projeto de Junji é bem mais ambicioso. O megacomplexo teria um centro de formação técnica de lideranças e multiplicadores no segmento da policultura. O treinamento de profissionais especializados na difusão de técnicas de plantio, estratégias de comercialização, organização em cooperativas e outros temas relacionados à atividade já faz parte da meta de Junji de revolucionar o conceito de reforma agrária.

“Seria um passo gigantesco para viabilizar uma reforma agrária factível, barata e racional, além de fortalecer o agronegócio, formando verdadeiros líderes que multiplicarão o conceito de agricultura economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta”, defendeu Junji.

Modelo agrícola
Na reforma agrária idealizada pelo deputado federal Junji Abe, a policultura seria a opção mais apropriada porque permite produzir o ano inteiro, gera bons resultados em pequenas áreas e pode incluir a criação de animais de pequeno porte. Para ilustrar a viabilidade do sistema, ele rememorou a história dos primeiros imigrantes japoneses que chegaram à cidade paulista de Mogi das Cruzes, onde nasceu e vive o deputado.

Os imigrantes japoneses, relatou o parlamentar, trataram de cultivar pequenas porções, otimizando o uso do solo com até cinco variedades de hortaliças para colher o ano inteiro. Trabalhavam como arrendatários e, com a receita das lavouras, adquiriam as terras. Começava, assim, uma revolução na agricultura mogiana que, até então, se limitava ao modelo europeu da monocultura em grandes áreas de cultivo. Não tardou a consolidação do novo panorama: policultura em propriedades com até 20 mil metros quadrados (m²). Daí, o fato de Mogi e cidades vizinhas formarem o chamado “Cinturão Verde” da Grande São Paulo.

Mais do que narrar a história, o deputado viveu boa parte dela. Junji pertence à terceira geração da família Abe na agricultura, dedicando-se à produção de orquídeas e despontando entre os maiores produtores do Estado. Ele traz na bagagem a história dos avós e pais, imigrantes japoneses que trabalharam muito para constituir a fazenda com 370 alqueires (8,954 milhões de metros quadrados) no Distrito de Biritiba Ussu, em Mogi.

Pioneiros na irrigação de hortaliças, uso de tratores de esteiras para arar e gradear o solo, cultivo em estufas e outras inovadoras técnicas de plantio, os Abe figuravam entre os maiores produtores de olerícolas do Estado. Já na década de 50, praticavam agronegócio, com produção e beneficiamento de chá (preto e verde), comercializado com a marca Central no mercado interno e também exportado para a Argentina.

Não fosse a insensibilidade do governo, lamentou o parlamentar, o cultivo de hortaliças em pequenas áreas, dirigido ao mercado interno, poderia ter sido o projeto-piloto nacional de reforma agrária pacífica, auto-sustentável e eficiente no combate à miséria.

Para desmistificar a ideia de que pequenas áreas produtivas têm baixa rentabilidade, o deputado pinçou um fato constatado há cerca de 20 anos. O faturamento gerado pela produção de net melon em 2 mil metros quadrados (m²), sob cultivo protegido no sistema de plasticultura, era idêntico ao registrado em 100 hectares de soja, que corresponde a 1 milhão de m², espaço 500 vezes maior. O exemplo citado por Junji remonta ao final da década de 80 e início dos anos 90, quando a fruta foi introduzida no Brasil por Edgar Sasaki, produtor de Jacareí.

Na visão de Junji, se a reforma agrária no Brasil tivesse recebido o tratamento adequado, não teriam surgido “pseudo-defensores dos pobres” que, a pretexto de redistribuir terras, exploram o povo praticando atos criminosos, como invasões e destruições de propriedades.

Vivência
Surpreso com a eloquência do parlamentar que acabara de conhecer, o presidente da Embrapa, Pedro Arraes, quis saber mais sobre a história do homem – conhecido e respeitado no meio agrícola – que havia chegado à Câmara Federal depois de ter sido vereador, três vezes deputado estadual e outras duas, prefeito de sua cidade natal. Junji Abe contou-lhe algumas passagens da sua vivência, incluindo sua devoção ao cooperativismo e associativismo – “a única maneira de garantir aos pequenos condições de concorrer com os grandes no mercado econômico”.

Durante os dez anos em que atuou no Legislativo paulista, Junji presidiu a Comissão de Agricultura e Pecuária, sendo reconhecido entre os parlamentares como o maior especialista em agronegócio da Casa. Por 20 anos seguidos, comandou o Sindicato Rural de Mogi das Cruzes e, no mesmo período, integrou a diretoria da Faesp – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo.

Não por menos, foi um dos 16 líderes rurais escolhidos para conhecer modelos de educação para manejo agronômico nos Estados Unidos, Canadá e Costa Rica, por indicação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) – onde atuou como conselheiro – e da Fundação W.K. Kellogg.

Junji contou ao presidente da Embrapa sobre o trabalho fascinante desenvolvido na maior e melhor Escola Superior de Agricultura de Trópicos Úmidos. Erguida e mantida com recursos da Fundação W.K. Kellogg, no estado de Michigan, a instituição garantiu produtividade e qualidade para os cereais utilizados nos produtos do grupo Kellogg’s, mundialmente famosos.

Na Câmara Federal, Junji é membro titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, integra a FPA – Frente Parlamentar da Agropecuária e movimenta-se para constituir a a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros. O objetivo é agregar deputados e senadores solidários ao apelo pela implantação de políticas públicas direcionadas às cadeias produtivas de verduras, legumes, tubérculos, bulbos, frutas, flores, plantas ornamentais, aves e ovos.

Depois de ouvir atentamente as informações dadas pelo deputado, o presidente da Embrapa disse-lhe que gostaria de contar com a colaboração de Junji nas atividades da instituição. “Será uma honra e mais uma valiosa oportunidade de aprender”, respondeu o parlamentar, acrescentando que também precisará muito da ajuda da Embrapa.

Firmado o mútuo compromisso de auxílio, ao final da audiência realizada nesta quarta-feira (16/03/11), Arraes perguntou a Junji de onde vinha tanta paixão para lutar por mudanças que possam melhorar a qualidade de vida no Brasil. “Vem do berço”, disparou, explicando que, desde criança, seus pais e avós, imigrantes japoneses, ensinavam a “amar este País, de todo coração, ajudar o povo em tudo o que for possível e fazer mais pelo Brasil que os próprios brasileiros”.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com