Criança e Adolescente

Combate ao bullying

Audiência pública sobre o tema reforça a necessidade de adequações na legislação para respaldar medidas destinadas a identificar e lidar com o problema nas escolas

29/04/2011


Membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, o deputado federal Junji Abe (DEM-SP) participou da audiência pública promovida com o objetivo de discutir como identificar e combater o bullying nas escolas. Uma das formas de violência que mais cresce no mundo, o bullying (do inglês bully, valentão, metido a brigar) é caracterizado por agressões intencionais, físicas ou verbais, disparadas de modo repetitivo por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Não existe um termo em português para definir a situação que pode ser interpretada como ameaça, opressão, tirania, intimidação e humilhação.

Marcada pela palestra de Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria e autor do livro "Diga não ao Bullying", a audiência serviu para reforçar a necessidade de adequações na legislação visando respaldar ações educativas voltadas ao combate do bullying.

“Estamos fortemente empenhados em tratar do problema que é gravíssimo, porque pode ocorrer já no ambiente da educação infantil” afirmou Junji, referindo-se à atuação da Frente Parlamentar coordenada pela deputada Liliam Sá (PR-RJ). Se não houver cuidados adequados, observou ele, “a situação tende a multiplicar os casos de jovens traumatizados, vítimas de doenças psicossomáticas, com desvios de personalidade e tão afetados emocionalmente a ponto de optar por soluções trágicas, como matar as pessoas ou se suicidar”.

O deputado chamou a atenção para a importância do papel dos pais no processo, porque o autor do bullying não é agressivo apenas na escola. Em geral, ele age da mesma forma no convívio familiar, procurando resolver tudo pela violência verbal ou física. E transporta o comportamento para o ambiente escolar. “Com o agravante de poder contar com uma plateia maior que, como dizem os especialistas, é um fator de estímulo para o praticante do bullying”. A família pode detectar os indícios do problema e procurar ajuda. Porém, completou ele, isso não tira dos educadores a responsabilidade de intervir para coibir a ocorrência, o que inclui agir para administrar os conflitos junto aos autores, espectadores e alvos do bullying.

Lopes Neto destacou que, se surgir uma situação em sala de aula, a intervenção do professor tem de ser imediata. Em hipótese alguma, ele pode corroborar com o agressor. “Seja por omissão ou dando uma risadinha por causa de uma piada ou comentário. Tem de ser o primeiro a mostrar respeito e dar o exemplo”, advertiu. Segundo o especialista, o melhor caminho para discernir uma piada aceitável de uma agressão é se colocar no lugar da vítima e questionar a si mesmo como se sentiria se fosse o alvo da chacota.

O bullying pode ocorrer em qualquer contexto social. Tanto nas escolas e universidades quanto no ambiente familiar, na vizinhança e locais de trabalho. Junji lembrou que, de acordo com os especialistas, até um apelido que parece ser inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Brasília, Belo Horizonte e Curitiba despontam como as cidades com o maior número de ocorrências de bullying.

Embora sempre tenha existido, o bullying ganhou popularidade pela influência dos meios eletrônicos, como a internet e reportagens na televisão. Mais recentemente, o tema tomou conta da mídia em razão da tragédia no Bairro do Realengo, no Rio de Janeiro. Na opinião de Junji, um fator de estímulo à disseminação do problema é a impunidade, enquanto o grande entrave para coibir as ocorrências é a desinformação, que prejudica o tratamento apropriado da situação junto aos autores, alvos e também aos espectadores.

Além de Lopes Neto, a audiência realizada esta semana (27/04/11) pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente contou com as presenças do Professor Roberto Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e de Antonio Geraldo da Silva, que preside a Associação Brasileira de Psiquiatria.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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