Tragédia no Japão

Deputado ajuda na imigração

A pedido de dirigentes de entidades das províncias japonesas, Junji busca viabilizar a vinda ao Brasil de famílias das localidades mais castigadas pela radioatividade

02/05/2011


Se a imigração para o Brasil for o desejo das famílias japonesas que vivem nas localidades mais castigadas pela radioatividade, o deputado federal Junji Abe (DEM-SP) trabalhará no sentido de garantir a acolhida no território brasileiro por meio de um tratado de cooperação entre os dois países. A medida responde ao pedido do presidente do Miyagui Kenjinkai do Brasil, Koichi Nakazawa, ao lado de dirigentes de associações brasileiras das províncias mais afetadas pelo terremoto, seguido de tsunami e vazamento radioativo, na região nordeste do Japão.

Para verificar a situação dos flagelados e apurar o interesse das famílias em imigrar para o Brasil, o general da reserva, Akira Obara, viajaria ao Japão neste domingo (01/05/11). Com base no relatório do oficial da Aeronáutica, um abnegado voluntário da comunidade nipo-brasileira, o deputado definirá as ações junto ao governo brasileiro. A princípio, observou Junji, a situação mais dramática é a da província de Miyagui que teve sua capital, Sendai, totalmente devastada.

As províncias de Fukushima, sede das usinas nucleares onde ocorreram vazamentos radioativos, Ibaraki, Iwate, Chiba e Aomori constam entre as localidades da Costa Nordeste mais castigadas pela tragédia que abalou o Japão e comoveu o mundo em março último.

No entendimento de Nakazawa, a vinda para o Brasil seria a única alternativa para muitas famílias da Província de Miyagui que perderam tudo que possuíam e não podem permanecer no local em função da alta radioatividade, além de ficarem impossibilitadas de reconstruir suas vidas em outras localidades do país por conta do grande contingente populacional do Japão e das limitadas oportunidades de trabalho.

Ainda de acordo com o dirigente do Miyagui Kenjinkai, a viabilidade de imigração dos flagelados para o Brasil seria a segunda fase da ajuda propiciada pelo País ao povo japonês. A primeira foi a intensa manifestação de solidariedade com maciças doações feitas por intermédio das entidades nipo-brasileiras. Nakazawa disponibilizou a sede da associação para concentrar o debate e o desenvolvimento de ações visando a recuperação das localidades do Nordeste do Japão.

Segundo Junji, os eventuais interessados em imigrar para o Brasil não enfrentarão, nem de longe, as agruras dos primeiros japoneses que chegaram no País no início do século XIX. “Diferentemente dos nossos ancestrais, quem vive no território brasileiro encontra uma gama de atividades que não se limita ao trabalho rural. Mesmo na agricultura, há pequenos produtores cultivando hortaliças, frutas e outros itens com alta tecnologia e métodos modernos, como plasticultura e hidroponia. Não existem mais vítimas fatais de doenças como maleita e febre amarela, nem as dificuldades do ‘arranca-toco’ e do ‘bate-toco’ dos velhos tempos”, frisou o parlamentar, referindo-se às árduas tarefas de desmatar as terras e retirar os troncos manualmente, sem o uso da mecanização – então, inexistente.

Já nas áreas urbanas, prosseguiu Junji, o imigrante encontrará um vasto leque de atividades nos setores industrial, comercial e de serviços. “Não são apenas quitandas e tinturarias, como outrora”, completou. O deputado evidenciou ainda os 16 anos de estabilidade econômica proporcionados pelo fim da escalada inflacionária e o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto na faixa de 5% a 6% ao ano. Muitos japoneses, explicou ele, não sabem que o Brasil já venceu os problemas que levaram milhares de descendentes a procurarem trabalho no Japão, na condição de dekasseguis.

Ao garantir a acolhida de famílias nipônicas interessadas em imigrar para o território nacional, o Brasil também será beneficiado, como avaliou Junji. “Como estão numa sociedade tecnologicamente bem mais avançada, os japoneses poderão proporcionar ao País e aos brasileiros, mais uma fase de extraordinária contribuição e desenvolvimento”, assinalou o deputado, acreditando também que não haveria dificuldades de adaptação.

Durante a reunião com os dirigentes de entidades representantes das províncias japonesas no Brasil, realizada no final da semana (29/04/11), Junji informou que aguardará o relatório do general Obara e, havendo interesse das famílias nipônicas, iniciará os trabalhos junto ao governo federal para viabilizar a imigração. A exemplo do que costuma fazer, ele destacou que mobilizará os outros quatro parlamentares descendentes de japoneses para o desenvolvimento de uma ação conjunta. Tratam-se dos deputados federais Keiko Ota (PSB-SP), Walter Ihoshi (DEM-SP), Hidekazu Takayama (PSC-PR) e Luiz Nishimori (PSDB-PR).


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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