Agricultura

Desinformação gera desperdício

Junji diz que muitos produtores ainda não sabem como utilizar o calcário agrícola e perdem mais de 30% dos fertilizantes aplicados antes de corrigir acidez do solo

01/06/2011


Mais de 30% dos fertilizantes aplicados para produção agrícola são desperdiçados no Brasil. Em dinheiro, equivalem a mais de R$ 6 bilhões por ano. O vilão? Excesso de acidez do solo. A cura existe e tem nome: calcário agrícola. “O grande problema ainda é a desinformação. Enquanto o governo não investir em assistência técnica e extensão rural, haverá agricultor sem conhecimento de ações simples que garantem menores custos e maior produtividade”, alertou o deputado federal Junji Abe (DEM-SP), durante audiência pública promovida pela CAPADR – Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural para discutir políticas públicas de apoio e incentivo à calagem.

A calagem é uma técnica simples para o preparo do solo, que consiste na aplicação de calcário agrícola – composição de carbonato de cálcio e magnésio – com o objetivo de retirar a acidez e fornecer suprimento de cálcio e magnésio às plantas. “É uma das práticas mais benéficas para a agricultura. Se não corrigir a acidez do solo, pode aplicar a quantidade de fertilizantes que for porque será apenas desperdício. Não surtirá efeito para produção e muito menos para aumentar o índice de produtividade no campo”, explicou Junji.

A CAPADR, coordenada pelo deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), planejou o evento em função do Dia nacional do Calcário Agrícola, comemorado em 24 de maio e constituído para conscientizar o produtor sobre a importância da calagem. “Fertilizante, defensivo agrícola, irrigação, capinação e outros tratos culturais são fundamentais na produção de alimentos, mas, sem a calagem para correção do solo, nada se produz”, afirmou Junji, comparando o uso do calcário na agricultura com o valor da educação para a sociedade que, igualmente, não consegue obter os efeitos esperados de outros setores sem os avanços educacionais.

Para dimensionar a eficácia do processo, o deputado citou o cerrado brasileiro que “assombra o mundo em razão da altíssima produtividade”. Junji observou que a área jamais seria cultivável, sem a aplicação do calcário dolomítico, que contém 30% de magnésio, fundamental para correção do solo ácido e pobre em nutrientes.

Diferentemente de outras regiões brasileiras, comentou Junji, o Alto Tietê, na Grande São Paulo, reúne produtores que dominam as técnicas de calagem há mais de meio século. “Isto ocorre por conta da forte atuação do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes e sua diretoria consciente da importância do processo”, acrescentou, informando que o município foi um dos primeiros do País a ter seminários e cursos sobre a aplicação do calcário dolomítico para correção do solo.

Pesquisas agronômicas mostram que o Brasil deveria incorporar no solo, anualmente, 50.773.080 toneladas de calcário agrícola, o que representa o déficit anual de 28.453.080 toneladas do produto empregado no campo. Para suprir essa necessidade, seria necessário investir R$ 910.498.560,00 por ano na aquisição do composto.

Junji assinalou que o valor corresponde a apenas 15% do montante anual desperdiçado com fertilizantes aplicados em solo ácido. “Mas, não adianta o governo comprar calcário e distribuir aos agricultores, sem implantar no campo um consistente programa de assistência técnica e extensão rural”, frisou.

Os dados foram apresentados na audiência pública desta terça-feira (31/05/2011) pela Abracal – Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola, presidida por Oscar Alberto Raabe. Também participaram do evento o coordenador geral de Análise Econômica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wilson Vaz de Araújo, o chefe da Embrapa Cerrados, Wenceslau J. Goedert e o presidente da Asbraer - Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Júlio Zoé de Brito.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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