Pronunciamento

Agricultura e educação em destaque

Políticas públicas para aproveitar o potencial do Brasil na produção de alimentos e a urgência na implantação do período integral nas escolas são o eixo central do discurso de Junji

15/09/2011


Eram 15h38 quando o deputado federal Junji Abe (DEM-SP) iniciou seu discurso, abrindo o Grande Expediente da sessão ordinária da Câmara, nesta quinta-feira (15/09/2011). A implantação de políticas públicas que permitam aproveitar, de forma adequada, as potencialidades naturais do Brasil para produzir alimentos e a urgência de acelerar a adoção do período integral nas escolas, associada ao aumento dos investimentos em educação, foram os itens destacados pelo parlamentar, ao “alinhavar uma pequena prestação de contas” de sua atuação nestes primeiros 7,5 meses de mandato.

Solo fértil, condições climáticas favoráveis, boa fonte de recursos hídricos e terras ainda disponíveis são, segundo Junji, características que justificam a vocação agrícola do País. “Mas, não estamos cuidando convenientemente deste nosso Brasil”, alertou, assinalando o minguado investimento governamental em pesquisas, desenvolvimento tecnológico e extensão rural.

Citando a projeção da ONU – Organização das Nações Unidas de que será necessário elevar a produção de alimentos em 60%, ao longo dos próximos 32 anos, para garantir a sobrevivência da população mundial, o deputado observou que o Brasil é o único país do mundo com áreas disponíveis para o cultivo.

Entretanto,“não significa que a agricultura deva avançar sobre tudo, ignorando a necessidade de preservar a biodiversidade”. O parlamentar ponderou que, “devidamente estimulado”, o avanço da tecnologia, “somado à dedicação dos nossos produtores”, possibilitará o cultivo em áreas menores, com maior produtividade e sem prejuízo ambiental.

Ainda quanto à necessidade de medidas governamentais, Junji apontou a situação dos hortifrutiflorigranjeiros, excluídos de qualquer incentivo porque não se enquadram nos critérios da agricultura familiar nem são itens de exportação que geram commodities. Tratam-se das cadeias produtivas de verduras, legumes, tubérculos, bulbos, frutas, champignon, mel e derivados, aves e ovos, pecuária de leite de pequeno porte, flores e outros itens destinados ao abastecimento do mercado interno.

Com o objetivo de sensibilizar o governo a dar atenção à categoria, Junji contou que teve a adesão de mais de 200 parlamentares, entre senadores e deputados, para lançar a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, a Pró-Horti.

Para falar sobre as necessidades prementes dos atores que formam os elos dessas correntes produtivas, o deputado rememorou suas origens de filho e neto de imigrantes japoneses, que nasceu, cresceu e permanece na atividade agrícola, além de acumular uma bagagem de mais de 30 anos de liderança rural e um avantajado histórico na vida pública. Foi vereador, três vezes deputado estadual, exerceu dois mandatos seguidos como prefeito de Mogi das Cruzes e faz, “humildemente e como aprendiz”, sua estreia na Câmara Federal.

Junji comentou que os imigrantes japoneses introduziram no Brasil a policultura – que corresponde ao plantio de três ou mais variedades de hortícolas na mesma área –, com produtividade o ano inteiro e boa rentabilidade. “Sou do município de Mogi das Cruzes, no Alto Tietê, que concentra um dos maiores polos de horticultura do Estado e é referencial brasileiro em tecnologia nesses cultivares”.

Ao ressaltar sua ativa participação em todas as Frentes Parlamentares com ligação direta ou indireta com a produção agrícola, Junji classificou a da Agropecuária como “nave-mãe” e pregou a importância da interação entre os diferentes grupos. “Atuando em conjunto, ampliamos as chances de avançar e atingir o objetivo final que é o mesmo para todos: servir a Pátria e a população”.

O espaço democrático constituído na Câmara também ganhou evidência no discurso de Junji. “Talvez, em nenhum outro lugar do mundo, haja uma Casa onde a democracia seja tão latente a ponto de acolher tamanha diversidade de ideias e opiniões”. Cabe a cada parlamentar, pontuou ele, “trabalhar para conciliar divergências e convergir no que há de melhor para o Brasil e o nosso povo”.

Em relação à melhoria da qualidade de vida no País, o deputado pinçou outro foco de suas ações neste início de mandato: a educação. Na visão de Junji, a evolução da sociedade depende do nível de atenção dado ao setor. Hoje, o Brasil investe parcos 5% do PIB – Produto Interno Bruto e pretende elevar em mais 2% o investimento em educação até 2020, o que é “muito pouco”, segundo o parlamentar que defende a imediata duplicação do percentual.

Dentre as muitas necessidades da educação brasileira, Junji enfatizou a implantação do período integral nas escolas. De acordo com o PNE – Plano Nacional da Educação para o decênio 2011-2020, a medida atingirá apenas metade das escolas do País. “Não pode demorar tanto”, avaliou o deputado, conclamando os demais parlamentares à “luta heróica” para acelerar o processo.

Com o período integral, justificou o deputado, os educadores e o conteúdo curricular passam a ter o tempo de aulas como aliado do processo de aprendizagem. “Os alunos também desenvolvem atividades artístico-culturais, praticam esportes e recebem lições de ética e cidadania, importantes para sua formação como indivíduos conscientes das suas obrigações com a comunidade onde vivem, com sua cidade, seu Estado e seu País”, emendou, acrescentando que a medida acaba com a ociosidade no horário livre das aulas, que expõe os alunos, principalmente os das classes menos favorecidas, ao risco de seguirem o caminho das drogas e da violência.

Colocando-se como “um modesto trabalhador das causas sociais”, Junji declarou que tem se esforçado para engrossar todas as batalhas empreendidas na Casa “para que a população brasileira tenha uma vida melhor e dias mais felizes”. Ele relatou que aguarda apreciação dos colegas para 11 propostas. Os projetos de Lei visam combater práticas nocivas à coletividade, democratizar informações e aperfeiçoar mecanismos para promover maior inclusão social.

Para finalizar, Junji ressaltou que faz parte do projeto PSD – Partido Social Democrático, que está às vésperas da homologação pelo TSE – Tribunal Superior Eleitoral. Ele encerrou o pronunciamento com duas citações. A primeira de Mahatma Gandhi: “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.” A outra, de Madre Teresa de Calcutá: “O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas, sem ela, o oceano será menor”.

Apartes
Sorteado para falar pela primeira vez no Grande Expediente da sessão ordinária da Câmara Federal, o deputado federal Junji Abe teve direito a um pronunciamento de 25 minutos, sujeito a apartes dos parlamentares presentes. Foram dois. O primeiro veio do deputado Onofre Santo Agostini (DEM-SC) e o segundo do deputado Roberto de Lucena (PV-SP).

“O Brasil agradece o Estado de São Paulo por ter mandado para cá alguém como o deputado Junji Abe, profundo conhecedor do agronegócio, que associa sua experiência administrativa como ex-prefeito à história de trabalho na agricultura”, manifestou-se o deputado Agostini, endossando as palavras do orador quanto à necessidade de apostar na vocação agrícola do País.

Da cidade de Arujá, no Alto Tietê – a mesma região de Junji –, Lucena disse que “é sempre prazeroso” ouvir o colega, “porque é uma oportunidade de aprender muito”. O deputado também enalteceu o trabalho desenvolvido pelo orador nestes primeiros meses de mandato. “É dono de uma trajetória brilhante aqui na Casa. Tem sido incansável não apenas em defesa do fortalecimento da agricultura, mas também em favor da educação”.

Pouco tempo antes do pronunciamento de Junji, o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), na presidência da Mesa Diretora da Casa, agradeceu a “paciência oriental” do parlamentar que, como sempre, chegara bem antes e aguardava para ser chamado à tribuna, o que ocorreu quase 40 minutos após o horário previsto das 15 horas. “Graças à compreensão nipônica do deputado Junji, poderemos concluir a lista dos inscritos para falar no Pequeno Expediente”, elogiou.

Para utilizar a tribuna no Grande Expediente de uma sessão ordinária da Câmara, o parlamentar precisa ser sorteado. Só assim, terá direito ao tempo de 25 minutos para seu pronunciamento, incluindo os apartes concedidos aos demais do Plenário. Já no Pequeno Expediente, o discurso tem duração máxima de 5 minutos, sem interferência dos outros congressistas. Requer apenas inscrição junto à Mesa Diretora que ordena os oradores de acordo com o cadastramento e controla o número máximo de inscritos por data. O deputado pode se inscrever para discursar a cada cinco sessões da Casa.

O pronunciamento de Junji foi transmitido, ao vivo, pela TV Câmara, no site da Casa, e também no canal 2 – digital ou analógico – dos assinantes da NET, operadora de tevê a cabo.

Crédito da foto: Saulo Cruz/Agência Câmara


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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