Agronegócio

Maior participação e integração

Em reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Hortaliças, Junji diz que ações isoladas não rendem os resultados esperados e pede envolvimento dos atores de todos os elos

22/09/2011


O fortalecimento do agronegócio, com a implantação de políticas públicas dirigidas ao setor de hortaliças, depende da participação dos atores que compõem cada elo da cadeia produtiva e a devida integração entre todos. “Se não houver esforços coletivos, os resultados nunca serão os esperados. Não adiantam ações isoladas”, advertiu o deputado federal Junji Abe (DEM-SP) aos participantes da 28° reunião ordinária da CSCPH – Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Hortaliças.

Com a gigantesca variedade de cultivares, pontuou o parlamentar, “vejo aqui pouquíssimos representantes dos produtores”, apesar da dedicação dos integrantes da Câmara Setorial, constituída graças à pressão de lideranças paulistas. Ele assinalou ainda a ausência de representantes da cadeia produtiva, como fertilizantes, defensivos, embalagens, máquinas e equipamentos agrícolas, entre outros.

“A força do setor vem da sinergia entre os diversos agentes. Os elos da corrente têm de estar unidos para reivindicar melhorias. Não resolve só reclamar nem tentar, sozinho, cobrar soluções”, salientou Junji que compareceu à reunião a convite de José Robson Coringa, presidente da CSCPH e também do Sincaesp – Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo.

O deputado lembrou que o governo e a maioria dos parlamentares conhecem apenas os dois extremos da atividade agrícola. De um lado, as culturas de extensão que geram commodities e respondem pelo superávit na balança comercial brasileira. De outro, a agricultura familiar onde as condições de penúria do microprodutor e sua família desperta a atenção dos políticos, principalmente, em função do potencial eleitoral da categoria.

Segundo Junji, a faixa intermediária formada pelo segmento de hortigranjeiros e flores amarga a desinformação e o descaso generalizado por parte das autoridades. Por este motivo, explicou ele, “criamos a Pró-Horti” (Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros). Evidenciando a importância da Pró-Horti na defesa das principais medidas em prol do setor, o deputado disse que as conquistas serão proporcionais ao nível de envolvimento das bases com os trabalhos, porque o grupo tem tudo para ser um braço político eficiente.

A Pró-Horti visa atuar em benefício das cadeias produtivas de verduras, legumes, tubérculos, bulbos, frutas, champignon, mel e derivados, aves e ovos, pecuária de leite de pequeno porte, flores e outros itens destinados ao abastecimento do mercado interno.

Junji destacou que a Frente batalha pela adoção de dispositivos que beneficiem toda cadeia produtiva de cada item desse segmento. Desde a área de pesquisa, desenvolvimento de variedades e extensão rural, passando pela fabricação e venda de insumos – sementes, fertilizantes, defensivos, máquinas, equipamentos, embalagens e outros –, produção agrícola, centrais de higienização e processamento, canais de comercialização, cooperativas, organizações associativas e transporte até a mesa do consumidor.

Pesados impostos, altos juros nas compras financiadas, concorrência desleal com os produtos importados de países onde a agricultura recebe fartos subsídios, as dificuldades para o escoamento da produção agrícola – cada vez mais caro por causa da concentração do transporte nas rodovias em contraste com a subutilização da rede ferroviária, atualmente sucateada, os limitados canais de comercialização, as graves deficiências da Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, a carência de financiamentos acessíveis, a inexistência de seguro rural e muito menos de políticas de garantia de preço mínimo figuram entre os recorrentes protestos do setor.

Puxão de orelhas
Em resposta a um representante da bataticultura que reclamou do resultado de uma audiência do segmento com o ministro da Agricultura e Abastecimento, Mendes Ribeiro, o deputado federal Junji Abe foi categórico: “A frustração é exatamente igual a dos demais setores que, isoladamente, protestam ou encaminham uma solicitação. Se, junto com os bataticultores, estivessem cooperativas, sindicatos rurais, associações de insumos e outros, duvido que o ministro daria tratamento frio ou indiferente”. Balançando as cabeças em sinal de aprovação, os participantes concordaram.

“Quando é para pescaria, karaokê ou festa, todo mundo se reúne, não pensa nas despesas e nem no tempo que vai dispender. Na hora de garantir a sustentabilidade do próprio negócio, o que se vê é o descompasso geral”, criticou, arrancando risadas e apoio unânime dos presentes à reunião realizada nesta quarta-feira (21/09/2011).

Da mesma forma, acrescentou o parlamentar, o setor precisa estar unido para garantir a aprovação do novo Código Florestal. “Se isto não acontecer, em todo o País, serão afetados mais de 2,5 milhões de pequenos produtores”, advertiu, afirmando ser indispensável harmonizar a preservação ambiental e a produção de alimentos, com a coerência de um instrumento legal que não transforme o agricultor em bandido e nem permita a degradação da biodiversidade.

Ao falar da importância da sinergia entre os diversos atores das cadeias produtivas, Junji explicou que é membro efetivo de todas as Frentes Parlamentares que têm relação direta ou indireta com a Pró-Horti. Por exemplo, a da Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa e Inovação, Segurança Alimentar e Nutrição, Centrais de Abastecimento Interno e Cooperativismo, entre outras, além da FPA – Frente Parlamentar Mista da Agropecuária que, no seu entendimento, é uma espécie de nave-mãe do agronegócio na Casa. “Não podemos ser inimigos uns dos outros. Precisamos trabalhar juntos – profissionais de todas as culturas, de todos os tamanhos, todas as regiões, todas as cadeias produtivas, órgãos técnicos e agentes públicos – para melhorar a qualidade do que é produzido e levado à mesa do consumidor”, pregou.

Na realidade, Junji leva para a Câmara a bem-sucedida experiência, desenvolvida como deputado estadual de São Paulo – o berço nacional dos polos hortifrutiflorigranjeiros. “Lá, também havia muita desinformação em relação ao setor e pouca participação dos atores das cadeias produtivas”, contou. Ao longo de três mandatos no Legislativo paulista, ele foi eleito e sucessivamente reeleito presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária da Casa. “Tivemos a grata satisfação de promover a convergência entre os diferentes agentes do agronegócio, o que permitiu o reconhecimento e a evolução da atividade em suas diversas ramificações”.

As considerações de Junji tocaram os participantes que não pouparam aplausos ao deputado e acolheram, de imediato, a sugestão de trocar ideias com o parlamentar antes de futuros encontros com autoridades. “Estou à disposição 24 horas para orientar e ajudar”, garantiu, fazendo a ressalva de que “por maior boa vontade que tenha, nenhum político consegue resultados sem que haja convergência da classe em torno daquilo que é cobrado” do Poder Público.

Participaram da reunião Paulo Márcio Araujo, secretário substituto da Coordenação Geral de Apoio as Câmaras Setoriais e Temáticas do Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Francisco Facundo, secretário da Câmara Setorial de Hortaliças do Mapa; Candice Mello Romero, da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento; Giano Caliari, do Sindag – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola; Zilçon Roberto Vinhal , da Asbraer – Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural; Carlos Schmidt, da Aphortesp – Associação dos Produtores e Distribuidores de Horti-Fruti do Estado de São Paulo; José Daniel Rodrigues, da Abasmig – Associação dos Bataticultores de Minas Gerais; André Maschetti, do Ministério da Agricultura; Anita Souza Dias Gutierrez, da Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo; Tiyoko Nair Hogo Rebouças, da ABH – Associação Brasileira de Horticultura; Waldir de Lemos, da Brastece – Confederação Brasileira das Associações e Sindicatos de Comerciantes em Entrepostos de Abastecimento; Wesley Marcos Nascimento, da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; Renato Augusto Abdo, da CSHCA-SP – Câmara Setorial de Hortaliças, Cebola e Alho do Estado de São Paulo; Camila Spohr, da Ibrahort – Instituto Brasileiro de Horticultura; Natalino Shimoyama, da ABBA – Associação Brasileira da Batata; Irene Gori Ferraz Virgílio, da Abcsem – Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas; Rafael Jorge Corsino, da Anapa – Associação Nacional dos Produtores de Alho; e Carlos Alexandre de Oliveira Gomes, da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; entre outros.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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