Tecnologia

Deputado quer 3% do PIB em pesquisa

Ao participar do Seminário Internacional de Inovação Agropecuária, Junji defende medidas saneadoras da administração pública para triplicar investimentos no setor no prazo de dez anos

04/10/2011


A execução de medidas saneadoras da administração pública é o portal para a ampliação dos recursos destinados a áreas essenciais, de acordo com o deputado federal Junji Abe que aponta a pesquisa agropecuária como o alicerce que sustentará a evolução do agronegócio no País, garantindo a manutenção do saldo positivo na balança comercial brasileira. “E mais que isto: permitirá a expansão dos demais segmentos da economia, aumentando a arrecadação e gerando empregos e renda para a população”. Para viabilizar um programa contínuo de investimentos em pesquisa e tecnologia, ele defende a elevação do montante aplicado no setor, dos atuais 1% para 3% do PIB – Produto Interno Bruto, no prazo de dez anos.

As considerações de Junji foram feitas nesta terça-feira (04/10/2011), durante sua participação no Seminário Internacional de Inovação Agropecuária, na Câmara dos Deputados. O evento, que visa debater os rumos da gestão de inovação na pesquisa como subsídio ao desenvolvimento científico e tecnológico, faz parte da programação da Semana da Pesquisa e Inovação na Agropecuária.

“A pesquisa é o pilar número um para o fortalecimento e expansão da agricultura. Depois, vêm assistência técnica e extensão rural”, pontuou. Junji observou que os investimentos em inovações tecnológicas precisam contemplar todas as etapas da corrente produtiva. Desde os insumos, passando pelo desenvolvimento de variedades mais resistentes para reduzir o uso de fertilizantes e defensivos, de técnicas de produção para maior produtividade com menor impacto ambiental, equipamentos e implementos para a lavoura, de embalagens, transporte, manuseio e comercialização, incluindo a reformulação das centrais de abastecimento, até o sistema de vendas no varejo. A estimativa de perdas gira em torno de 30%, da colheita à mesa do consumidor.

Integrante da Frente Parlamentar da Pesquisa e Inovação, o deputado assinalou que as deficiências do desenvolvimento tecnológico nacional são cristalinas em dados como o do Comitê Internacional de Patentes. Em 2010, os brasileiros oficializaram 113 inovações, enquanto a Coréia do Sul cravou 3.472. Não por menos, completou ele, o Brasil ocupa o modesto 43º lugar no ranking dos países que mais registram inovações tecnológicas.

Na visão do deputado, se área de pesquisa recebesse a devida atenção governamental, o Brasil seria, por exemplo, pioneiro no lançamento de variedades, especialmente na horticultura. Sem um programa contínuo de investimentos em pesquisa e tecnologia, alertou ele, “o Brasil está fadado a ser o país das commodities”, de onde sai apenas matéria-prima para manufatura de produtos elaborados – e com alto valor agregado – em nações bem dotadas de avanços tecnológicos.

Em outras palavras, sintetizou Junji, “vamos exportar minério para importar aço fino, soja para comprar produtos elaborados e prontos para o consumo, e assim por diante, vendendo muito barato e pagando caro pelos itens beneficiados em outros países”. Ao defender um programa permanente de investimentos públicos e privados em pesquisa e tecnologia, que contemple todas as áreas do conhecimento humano, ele entende que um dos braços de atuação precisa envolver a educação formal, desde as crianças até o ensino superior, avançando para planos de amparo aos pesquisadores de instituições mantidas ou não pelo governo.

Para o parlamentar, “com a redução de gastos públicos supérfluos e até imorais, somada à gestão competente e austera, é perfeitamente possível os potencializar investimentos no setor e ainda garantir os avanços imprescindíveis no sistema de ensino para viabilizar a educação qualitativa”.

O Brasil tem a vantagem de contar com instituições públicas renomadas que dependem apenas de maior aporte financeiro para ter seu potencial completamente explorado. Para ilustrar a afirmação, Junji citou IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Finep – Financiadora de Estudos e Projetos e o IAC – Instituto Agronômico de Campinas.

Endossando as considerações de Junji sobre o alto nível dos institutos brasileiros de pesquisa, o diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Mauricio Antônio Lopes, falou no seminário sobre o recente lançamento do primeiro tipo de feijão geneticamente modificado do mundo, sem uso de tecnologias importadas.

Desenvolvido pela Embrapa, o produto transgênico foi aprovado pela CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança para ser comercializado nos próximos anos. “A nova variedade é resistente à doença conhecida como ‘mosaico dourado’, transmitida por um inseto”, explicou, acrescentando que o grão modificado dispensa pulverizações com agroquímicos, como pesticidas.

Quanto ao setor privado, Junji defende um programa de incentivos, capaz de estimular empresas dos diversos ramos de atuação a direcionarem maior volume de recursos à ciência e tecnologia, a exemplo do que vem sendo feito por empreendedores da citricultura e do setor sucroalcooleiro.

A necessidade de mobilizar o Terceiro Setor para ingressar no mutirão em prol dos avanços tecnológicos foi outro ponto destacado por Junji. Como exemplos, ele indicou as universidades e instituições como o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio aos Micro e Pequenos Empreendedores, o Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, o Sesi – Serviço Social da Indústria e o Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.

Tempo de pesquisas
“Pesquisa e soluções agropecuárias: para o Brasil, para o mundo” dá título à exposição realizada pela Embrapa até sexta-feira (07/10), no corredor de acesso ao Plenário, no anexo 2. O visitante poderá conferir painéis que mostram a história da pesquisa agropecuária brasileira e da assistência técnica e extensão rural. Para retratar o tema, a mostra cria uma linha do tempo que percorre os primeiros institutos de pesquisa e fazendas-modelo até o desenvolvimento de tecnologias contemporâneas, que possibilitaram o cultivo de soja e uva em regiões tropicais, entre outros destaques.

Promovido pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, o Seminário Internacional de Inovação Agropecuária tem o apoio das frentes Parlamentares da Pesquisa e Inovação e da Assistência Técnica e Extensão Rural, além de contar com a colaboração da Embrapa, do Consepa – Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária e da Asbraer – Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Também participaram do evento nesta terça-feira Evair Vieira de Melo e José Geraldo, respectivamente, presidente e secretário do Consepa; Frederico Braga, gerente de Inovação e Conhecimento Tecnológico da Diretoria de P&D da BRF – Brasil Foods; Renato Seraphim e Rodrigo de José Almeida, respectivamente, diretor e gerente de Planejamento Integrado da América Latina da Syngenta, entre outros especialistas e autoridades.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
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