Orientação no campo

Seminário: urgente inclusão agrícola

Junji critica "apogeu da desinformação no campo" e prega resgate da assistência técnica e extensão rural, incluindo criação de órgão especializado no auxílio aos produtores rurais

05/10/2011


De cada quatro agricultores no Brasil, apenas um recebe algum tipo de assistência técnica e, mesmo assim, precária. É um dado oficial, evidenciado pelo deputado federal Junji Abe que voltou a reivindicar do governo federal políticas públicas que contemplem o resgate da assistência técnica e extensão rural, incluindo a criação de uma estrutura aos moldes das antiga Embrater – Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, extinta no governo Collor de Mello.

Dirigindo duras críticas ao que classificou como o “apogeu da desinformação no campo”, o deputado pregou urgência na inclusão agrícola como medida indispensável à sobrevivência dos micro, pequenos e médios produtores. Junji participou, nesta terça-feira (04/10/11), do seminário da Pesquisa e Extensão Rural para a Agricultura Familiar, promovido pela Subcomissão Especial da Agricultura Familiar, da Extensão Rural e das Energia Renováveis, presidida pelo deputado Zé Silva (PDT-MG).

Ainda na visão do parlamentar, a inexistência ou precariedade da orientação técnica no campo é o fator preponderante para a desistência de muitos agricultores da atividade rural. “Isto ocorre principalmente com o produtor familiar e com os de micro, pequeno e médio portes, incluindo os assentados no programa de reforma agrária. Não adianta dar um pedaço de terra e esquecer o sujeito lá. Ele precisa de assistência técnica, entre outras medidas de suporte. Caso contrário, não consegue garantir nem o próprio sustento e desiste”.

Presidente da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, Junji lembrou que, de todos os grupos parlamentares relacionados à produção de alimentos, as categorias representadas pela Pró-Horti são as que mais prescindem de apoio. “Estão alijadas de qualquer benefício porque não se enquadram nos critérios da agricultura familiar nem correspondem às culturas de exportação que geram commodities”, afirmou.

A Pró-Horti abrange as cadeias produtivas de verduras, legumes, tubérculos, bulbos, frutas, champignon, mel e derivados, aves e ovos, pecuária de leite de pequeno porte, flores e outros itens destinados ao abastecimento do mercado interno. A Frente engloba todas as atividades relativas aos hortifrutiflorigranjeiros. Desde pesquisa, desenvolvimento de variedades, assistência técnica e extensão rural, passando pela fabricação e venda de insumos – sementes, fertilizantes, defensivos, máquinas, equipamentos, embalagens e outros –, produção agrícola, centrais de higienização e processamento, canais de comercialização, cooperativas, organizações associativas e transporte até a mesa do consumidor.

Em reunião da FPATER – Frente Parlamentar da Assistência Técnica e Extensão Rural, também presidida pelo deputado Zé Silva, em agosto último (17/08), os dirigente dos grupos parlamentares relacionados à produção de alimentos apoiaram a iniciativa de Junji de dirigir à presidente Dilma Rousseff o apelo conjunto para a revitalização dos programas de assistência técnica e extensão rural, assim como a reinstalação de uma organização com as funções da extinta Embrater.

A manifestação de palestrantes, parlamentares e representantes de produtores rurais no seminário confirmou a urgência dessas medidas em prol da inclusão agrícola. Se ainda existisse, a Embrater seria o braço forte da “imprescindível” Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no campo, como pontuou Junji.

Apesar dos benefícios propiciados ao Brasil e ao mundo pelo reconhecido trabalho científico da Embrapa, acrescentou Junji, “sem a atuação dos extensionistas, não há como pensar numa agricultura forte e competitiva”. Não apenas isto. O parlamentar lamentou que a situação também sepulta as chances de combate ao êxodo rural.

O deputado rememorou que a extinção da Embrater foi uma “desastrada medida do pernicioso governo Collor de Mello”, que selou o sucateamento dos serviços prestados por agrônomos e extensionistas. E, com ele, golpeou os pequenos, porque os grandes produtores têm estruturas próprias de assistência técnica e extensão rural, amparadas na grande escala de produção com mercado calcado em preços internacionais.

Entre as autoridades participantes, estavam ainda o secretário Familiar do MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, Laudemir Muller; o presidente do Conseagri – Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura e também titular da Pasta da Agricultura no Estado da Bahia, Eduardo Salles; o presidente do Consepa – Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária, Evair Vieira de Melo; e a diretora-executiva de Administração e Finanças da Embrapa, Vânia Castiglioni.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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