Abastecimento

Junji faz palestra em Campinas

Além de falar sobre melhorias nas centrais de abastecimento, deputado prega mobilização para aprovar novo Código Florestal e rebater falsas acusações de contaminação de alimentos

21/11/2011


Novo Código Florestal, perspectivas de melhorias nas centrais de abastecimento e as falsas acusações de contaminação de alimentos ganharam destaque na palestra proferida pelo deputado federal Junji Abe (PSD-SP) na sede da Ceasa-Campinas. A princípio, o evento seria direcionado aos permissionários da Central, mas a maciça participação de lideranças rurais levou o parlamentar a incluir na exposição assuntos de interesse dos agricultores.

Com o auxílio de um projetor multimídia, Junji mostrou a importância da manutenção das principais medidas constantes no texto do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara e em análise no Senado. Segundo o deputado, um dos pontos cruciais é a permissão para uso das APP’s - Áreas de Preservação Permanente já ocupadas com atividades agrossilvipastoris, ecoturismo e turismo rural, desde que o desmatamento tenha ocorrido até 22 de julho de 2008.

Outra medida indicada por Junji como vital para a sobrevivência dos pequenos agricultores é a que admite a soma de APP’s no cálculo da reserva legal, desde que a área esteja conservada e que isto não implique mais desmatamentos. Ele disse que, sem essas modificações, mais de 2,5 milhões de pequenos produtores abandonarão a atividade.

Ciente da ansiedade do setor agrícola quanto à evolução do processo em Brasília, Junji informou que o novo Código Florestal deverá ser votado pelo Senado até terça-feira (22/11). Mas, como houve modificações, o projeto retorna à Câmara para análise. “Produção e meio ambiente são duas mãos que se entrelaçam para abastecer a população”, pontuou e combateu o conceito equivocado de que o agricultor deseja a degradação ambiental.

Junji lembrou que o Brasil é o único País no planeta com áreas disponíveis para elevar em 60% a produção de alimentos, evitando a fome generalizada no mundo. Com 7 bilhões de habitantes, a Terra terá um bilhão a mais em 2026, 9 bilhões em 2050 e chegará a 2070 com 10 bilhões.

Ao evidenciar as necessidades do setor, Junji assinalou a criação da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, idealizada e presidida por ele na Câmara Federal. Na definição dele, o grupo de quase 300 congressistas, entre deputados e senadores, compõe um braço político para sensibilizar o governo a dar atenção a essas categorias que estão excluídas de qualquer incentivo governamental, porque não se enquadram nos critérios de agricultura familiar, amparada pelo Pronaf, e nem são produtos de exportação que geram commodities.

A Pró-Horti abrange as cadeias produtivas de verduras, legumes, tubérculos, bulbos, frutas, champignon, mel e derivados, aves e ovos, pecuária de leite de pequeno porte, flores e outros itens destinados ao abastecimento do mercado interno. A Frente também conta com forte apoio das principais instituições brasileiras ligadas ao agronegócio.

A ampliação dos investimentos em pesquisas, retomada dos programas de assistência técnica e extensão rural, financiamento acessível, seguro rural, resgate das cooperativas agrícolas, melhorias nos canais de comercialização e incentivo ao consumo de produtos saudáveis figuram entre as bandeiras defendidas pela Pró-Horti.

Marketing às avessas
O deputado federal Junji Abe sacudiu a plateia da palestra realizada em Campinas, nesta sexta-feira (18/11/2011), ao relatar fatos ocorridos durante audiência pública promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família para debater a comercialização, fiscalização e utilização de defensivos agrícolas nas lavouras do País.

Havia um pimentão à frente de cada deputado, na bancada reservada aos parlamentares. O legume tinha a parte superior semicortada. Ao abri-lo, um bilhete trazia a advertência de que o produto continha veneno e poderia matar o consumidor. “É assim, com extrema organização e ousadia, que operam determinados grupos onde há pseudolíderes a serviço de dirigentes extremistas de organizações como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra)”, observou Junji, o único deputado presente na audiência para defender os produtores, diante do público uniformizado, com camisetas das respectivas entidades, cartazes e panfletos que apregoavam a falsa contaminação de hortaliças, frutas e até do leite materno.

Rostos estarrecidos com as informações do deputado dimensionavam o misto de surpresa e irritação que tomou conta dos participantes da palestra. Na audiência, Junji afirmou que o Brasil precisa assumir sua responsabilidade com a implantação de políticas agrícolas que contemplem pesquisas, assistência técnica e extensão rural direcionadas às diferentes culturas e às diversas regiões brasileiras, por conta das variações climáticas, do solo e das condições hídricas, que influem no tipo de produto, na dosagem e forma de aplicação recomendados.

Ainda em relação ao episódio, Junji contou que criticou o uso dos termos agrotóxico ou veneno para definir produtos químicos destinados ao combate de pragas e ervas daninhas nas lavouras. “Fazer esta associação só passa ao consumidor a ideia equivocada de que ele está comendo veneno. Um simples comprimido para dor de cabeça, usado sem orientação ou em dosagem inadequada vira veneno”.

De carona nos fatos narrados, o deputado criticou a falta de entrosamento entre os elos das cadeias produtivas e pregou a mobilização geral em defesa de interesses comuns. “A verdade é que gente mal intencionada se aproveita da desorganização e da pouca participação dos atores desse segmento do agronegócio para espalhar inverdades. E isto prejudica todos”, alertou.

Megacomplexo
Reformar, ampliar e modernizar as centrais de abastecimento, assim como garantir a implantação de novas unidades é o que defende o deputado federal Junji Abe para “compensar mais de meio século de atraso estrutural e operacional” dos entrepostos, conhecidos Ceasas, que funcionam de forma precária em prejuízo da cadeia produtiva completa – desde os produtores até os consumidores.

Junji observou que a Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, na Vila Leopoldina, não tem terreno para ampliação e, de três a quatro vezes por ano, “as mercadorias ficam boiando nas águas das enchentes”. Como exemplo de estrutura obsoleta, o deputado citou os espaços internos da Central, projetados para veículos de carga com um eixo traseiro – capacidade para oito toneladas. Contudo, completou, desde 1990, os caminhões têm três eixos traseiros para comportar 40 toneladas.

Integrante da diretoria da Frente Parlamentar em Defesa das Centrais de Abastecimento Interno – Ceasas, Junji falou sobre o projeto que idealizou para garantir às cadeias produtivas um canal eficiente de comercialização. Trata-se de um megacomplexo na Grande São Paulo. Ele quer juntar, num único local, as operações de comercialização e distribuição de produtos agrícolas e também de insumos. A unidade seria dotada de estruturas física e operacional adequadas, incluindo sistemas para leilões eletrônicos, além de oferecer pavilhão de exposições, espaços para eventos e equipe de assistência técnica ao produtor, entre outros recursos.

O pretendido megacomplexo inclui um centro de formação técnica de lideranças e multiplicadores no segmento da policultura. O treinamento de profissionais especializados na difusão de técnicas de plantio, estratégias de comercialização, organização em cooperativas e outros temas relacionados à atividade faz parte de mais uma meta de Junji: a revolução no conceito de reforma agrária.

Os futuros beneficiados com a cessão de terras por parte do governo federal precisam receber, antes, todo treinamento e, depois, assistência técnica para produzir com eficiência e rentabilidade, como recomenda Junji. Os agentes de formação rural viriam do megacomplexo que ele pretende ver concretizado.

Prestigiaram a palestra de Junji os presidentes da Assoceasa – Associação dos Permissionários da Ceasa-Campinas, Marco Antonio Adami; do Sindicato Rural de Campinas, Antonio Egídio Crestana; e do Sincaesp – Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo, José Robson Coringa; além do engenheiro agrônomo da Cati – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral e integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Luiz Antonio Carvalho e Silva Brasi, entre outras lideranças, produtores rurais e comerciantes.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com