Bunkyo Rural:

Mix de conhecimento e motivação

Junji afirma que evento, promovido em Presidente Prudente, brinda o produtor com uma "injeção de ânimo", mostrando que tecnologia, trabalho e dedicação superam dificuldades

21/11/2011


Classificada como obra de arte da natureza, a pitaia é uma fruta exótica, originária do Colômbia, México Tropical e Antilhas, que deixou de ser artigo importado. É produzida no Brasil num caprichado pomar onde convive em harmonia com maracujás, mangas e lichias. Mais que a experiência de provar raros sabores, os participantes do Dia de Campo, uma das muitas atividades do III Encontro Bunkyo Rural, constataram no Pontal do Paranapanema uma realidade muito diferente dos rótulos que há tempos ficaram colados na região.

“É uma clara demonstração de que o Pontal do Paranapanema não tem de ser dominado pela monocultura da cana de açúcar para colecionar bons resultados na agricultura e nem ficar infinitamente estigmatizado como região onde as propriedades rurais sofrem permanentes invasões do MST – Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra”, resumiu o deputado federal Junji Abe (PSD-SP), expressando a opinião coletiva dos visitantes da produção mantida pela família Komessu no município de Presidente Prudente, sede do evento realizado neste final de semana (19 e 20/11/2011).

Com palestras de renomados especialistas em diversos segmentos agrícolas, o Bunkyo Rural que reúne produtores e lideranças rurais. Surgiu há três anos da parceria entre a SBCJAS – Sociedade Brasileira de Cultural Japonesa e Assistência Social, que é a representante nacional da cultura nipônica, e as entidades representativas regional e municipal.

O trabalho conjunto deste ano é da SBCJAS com a ACNBAS – Associação Cultural Nipo-Brasileira da Alta Sorocabana, que congrega 13 municípios da região, e com a ACAE – Associação Cultural Agrícola e Esportiva de Presidente Prudente.

A iniciativa da SBCJAS visa estreitar laços com as coligadas regionais e municipais para fortalecer sua condição de representante nacional da expressiva comunidade nipo-brasileira. “Os encontros são uma excelente oportunidade para adquirir conhecimento e trocar informações com outros profissionais do setor. É um valioso instrumento de motivação para o produtor permanecer na atividade e ajudar o Brasil produzindo alimentos para abastecer a população”, avaliou Junji.

Segundo o deputado, programas como o Dia de Campo contribuem para provar que “a tecnologia, somada ao trabalho e dedicação do profissional, torna a atividade agrícola rentável e exerce grande poder de fixação do homem no campo, reduzindo o êxodo rural”. Junji disse que conferir experiências bem-sucedidas como o trabalho da família Komessu proporciona ao produtor uma “verdadeira injeção de ânimo”.

Participaram do encontro os presidentes Jorge Yamashita (em exercício) da SBCJAS, Toshio Koketsu, da ACNBAS, Pedro Gushiken, da ACAE, Kiyoji Nakayama, da Associação Cultural de Mogi das Cruzes e da Comissão Organizadora – também diretor da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa –, e Elza Gushiken, do Fujinkai (Departamento de Senhoras) da ACAE, além do vereador de Presidente Prudente, Douglas Kato (PV) e Ronaldo Borges, que representou o deputado estadual Mauro Bragato (PSDB), entre outras autoridades, lideranças, técnicos e profissionais do setor agrícola.

Desafios
Convidado a falar aos cerca de 200 participantes do III Encontro Bunkyo Rural, o deputado federal Junji Abe apontou o crescente aumento da responsabilidade do produtor brasileiro ao longo das próximas décadas. Ele lembrou que o Brasil é o único País no planeta com áreas disponíveis para elevar em 60% a produção de alimentos, evitando a fome generalizada no mundo. Com 7 bilhões de habitantes, a Terra terá um bilhão a mais em 2026, 9 bilhões em 2050 e chegará a 2070 com 10 bilhões.

Junji assinalou que a pesquisa e a tecnologia são as grandes aliadas do produtor na batalha para vencer o desafio de abastecer o planeta. De Norte a Sul, o País tem 85% de áreas de pastagens degradadas. “É quase o tamanho do Estado do Amazonas”, comparou. E deu a boa notícia: dos 140 milhões de hectares devastados, mais de 50 milhões podem ser recuperados para o plantio.

Como pauta indispensável em toda reunião de produtores, o novo Código Florestal foi trazido à baila. Junji explicou que o Senado manteve as principais medidas constantes no texto aprovado pela Câmara. Contudo, como houve modificações, o projeto retornará ao Legislativo para avaliação dos deputados. “Nossa grande missão é aprovar o documento ainda este ano”.

Segundo o deputado, a urgência visa acabar com o sacrifício que a demora impõe aos produtores rurais e evitar que ambientalistas radicais utilizem a conferência ambiental Rio+20 (em referência a Eco-92), em 2012, para distorcer o conteúdo do novo Código Florestal, manipulando a opinião pública para forçar o Congresso a vetar o projeto.

Fazendo gestões junto aos órgãos do Estado e da União para tentar eliminar a burocracia e zerar os custos para regularização de propriedades rurais quanto à outorga do uso da água e licença ou adequação ambiental, Junji contou que levará uma caravana de produtores para audiência com a secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Mônika Bergamaschi, às 16 horas da próxima terça-feira (29/11).

A mobilização objetiva conseguir a intervenção dela junto ao governo estadual em favor dos micro e pequenos agricultores. Sem a documentação, o agricultor não consegue a liberação de crédito, prorrogação ou amortização de dívidas e outras operações financeiras necessárias à atividade. A iniciativa recebeu aplausos do público.

Em seu pronunciamento, Junji falou também sobre a Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, idealizada e presidida por ele na Câmara Federal. Na definição dele, o grupo compõe um braço político para sensibilizar o governo a dar atenção a essas categorias que estão excluídas de qualquer incentivo governamental, porque não se enquadram nos critérios de agricultura familiar, amparada pelo Pronaf, e nem são produtos de exportação que geram commodities.

A Frente abrange as cadeias produtivas de verduras, legumes, tubérculos, bulbos, frutas, champignon, mel e derivados, aves e ovos, pecuária de leite de pequeno porte, flores e outros itens destinados ao abastecimento do mercado interno. A Frente também conta com forte apoio das principais instituições brasileiras ligadas ao agronegócio. No evento, os participantes receberam o Estatuto da Pró-Horti.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com