Emendas Mortais

Fim da produção no Alto Tietê

Junji diz que enxertos no novo Código Florestal inviabilizam agricultura num dos maiores polos produtivos do País, afetando sobrevivência de milhares de produtores e trabalhadores rurais

01/12/2011


Para dimensionar os efeitos das emendas do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) ao novo Código Florestal, o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) pinçou a agricultura no Alto Tietê, um dos maiores polos brasileiros de produção de hortaliças e flores. De acordo com o presidente da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, centenas de agricultores de vários bairros, como Cocuera e Jundiapeba, em Mogi das Cruzes; Irohy, Sogo e Carmo, em Biritiba Mirim; e Remédios e Ponte Nova, em Salesópolis, terão de paralisar suas atividades, iniciadas há décadas, porque produzem em APP’s e várzeas.

“Falo de pequenos produtores que, no passado, já foram extremamente prejudicados pela implantação de represas, e perderão seu ganha-pão, terão de demitir milhares de trabalhadores e nem terão recursos para pagar as rescisões trabalhistas”, afirmou Junji durante encontro da bancada ruralista, na noite desta quarta-feira (30/11/2011)

No que tange às encostas de morros, prosseguiu Junji, em Biritiba Mirim e Salesópolis, centenariamente, há propriedades de gado de leite trabalhadas por produtores, chamados de “retireiros”, e pequenos silvicultores, conhecidos como “plantadores de eucaliptos”. Todos enquadram-se, legitimamente, no princípio constitucional do direito adquirido. Porém, advertiu o deputado, perderão esse direito em função das emendas feitas ao novo Código Florestal.

De acordo com Junji, em nível nacional, a indefinição impressa no texto sacrificará milhões de produtores – mais de 2,5 milhões deles são de pequeno porte. E não é só. A produção de alimentos diminuirá substancialmente. “Os prejuízos, mortais e irreversíveis, ao Brasil e a toda população serão gigantescos, reeditando a tragédia do período inflacionário de 1978 a 1994, que levou o País ao descrédito mundial e o povo a viver em favelas”, comparou e questionou: “Qual ecossistema resistirá à proliferação incontrolável de ocupações irregulares nos novos bolsões urbanos de miséria?”

Junji esclareceu que a inviabilidade de permanência no campo e o consequente fim da atividade agrícola em muitas regiões brasileiras empurrarão produtores e trabalhadores rurais desempregados para os centros urbanos. “Sem dinheiro, sem emprego - porque o setor industrial também sofrerá sérios abalos – e nem perspectiva de sobrevivência, os efeitos são previsíveis”, ponderou, enumerando a farta ocupação irregular às margens de rios e encostas de morros que agravarão os desequilíbrios ambientais e multiplicarão tragédias deles decorrentes – poluição aguda dos mananciais (que receberão todo lixo doméstico e esgotos dos locais onde são proibidas ocupação e infraestrutura urbana), mais e mais enchentes, desmoronamentos e tudo que já é realidade elevado a proporções gigantescas.

Leia mais sobre a reunião da Bancada Ruralista e o drama dos produtores paulistas.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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