Caminhões na Capital

CET promete rever proibição

Se não houver acolhida à justa reivindicação para liberar o transporte de produtos perecíveis em São Paulo, Junji adverte que pedirá intervenção direta do prefeito Gilberto Kassab

01/02/2012


Encabeçando o movimento das cadeias produtivas do agronegócio pelo fim da proibição ao transporte de produtos perecíveis em São Paulo, o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) advertiu que, se não houver acolhida à “justa reivindicação do setor”, pedirá a intervenção direta do prefeito Gilberto Kassab (PSD) com quem ele já debateu o assunto, obtendo parecer favorável. A manifestação do parlamentar ocorreu nesta quarta-feira (01/02/2012), durante reunião com o grupo técnico da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, liderado pelo diretor de Operações, Eduardo Macabelli, que se comprometeu a rever as restrições.

Prevista para tratar do impacto da medida sobre o abastecimento de produtos perecíveis, a reunião virou debate geral sobre os reflexos das restrições em todas as atividades, com a participação de representantes dos diversos setores ligados ao transporte de cargas. Longas explanações e protestos generalizados marcaram o encontro.

Junji explicou que fora acionado pelas lideranças do agronegócio em função das consequências desastrosas da proibição ao transporte de produtos perecíveis em extensos horários, ao longo de amplos e importantes trechos da Capital, como as Marginais do Tietê e Pinheiros. “Isto se deve a meu histórico de produtor e líder rural”, observou ele que, no Congresso Nacional, preside a Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros.

O objetivo do encontro com os técnicos da CET era apresentar a minuta da Comissão Representativa da Cadeia Produtiva de Agronegócios, constituída por sugestão do deputado, em dezembro último, durante audiência com secretário municipal de Transportes de São Paulo, Marcelo Cardinale Branco. O grupo agrega lideranças das cadeias produtivas de hortifrutiflorigranjeiros, leite e derivados e pescados.

Existe um único modo de equacionar o problema, evitando o desabastecimento generalizado de itens perecíveis em todo o Brasil, como afirmou Junji, esclarecendo: “É liberar o tráfego de veículos cadastrados para transporte de produtos perecíveis – e não somente alimentos, mas também os itens que se deterioram com rapidez, como flores e plantas ornamentais – em todas as vias paulistanas, em tempo integral”.

De acordo com a minuta da Comissão, a Secretaria de Transportes concederia autorização especial para a circulação de caminhões de produtos perecíveis em tempo integral, com a condição de que os veículos estejam devidamente cadastrados na Prefeitura paulistana. Junji frisou que as restrições ao tráfego de veículos pesados na Capital paralisarão as atividades da Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, o maior complexo de abastecimento da América Latina.

“Apesar de estar em local inadequado, de ter estrutura precária e outra série de problemas, o entreposto paulistano da Ceagesp ainda é o principal polo brasileiro de distribuição de produtos agrícolas e também o responsável pela formação diária de preços para esses itens”, enfatizou o deputado, ao pontuar que as restrições ao trânsito na Capital impedem tanto a chegada quanto a saída de cargas nos principais centros de comercialização de hortifrutiflorigranjeiros de São Paulo, incluindo os Mercados da Cantareira, da Lapa, Zona Cerealista e toda rede de hiper e supermercados.

A insistência em manter a proibição causará o desabastecimento generalizado de verduras, legumes, frutas, cogumelos, pescados, flores, plantas ornamentais e outros produtos perecíveis em todo o Brasil. “São itens que terão sua qualidade totalmente comprometida porque não resistem ao longo período entre a entrega e a venda, o que amplia absurdamente os desperdícios de mercadorias e os prejuízos do setor”, justificou o deputado.

Chamando a atenção dos técnicos da CET para o fato de que a Capital não produz um único item agrícola, Junji lembrou que a Cidade “depende de outros polos paulistas, assim como outros estados dependem do Estado de São Paulo para o abastecimento”. E emendou: “As restrições ao tráfego de caminhões que, a princípio, parecem ser positivas para o paulistano terão efeito contrário na hora em que o consumidor não encontrar produtos perecíveis ou se deparar com verduras murchas nos mercados e feiras”.

Na exposição ao grupo técnico da CET, Junji destacou que todos os setores do agronegócio nacional operam em função do consumidor final, “com obediência espartana aos horários por ele definidos para as compras, resguardando o sagrado direito dos compradores de adquirem produtos frescos e de qualidade”. Segundo ele, a prática reflete o respeito ao mercado, “inerente a sua sobrevivência na atividade produtiva”, e, principalmente, o zelo pela saúde pública.

Embora flores e plantas ornamentais não façam parte das cadeias produtivas de alimentos, também são produtos perecíveis e chegarão deterioradas aos compradores, caso perdurem as restrições ao tráfego de veículos pesados em São Paulo, como alertou o deputado. Junji lembrou que muitos itens são transportados em câmaras frias para preservar sua qualidade que, mesmo assim, será perdida com a proibição ao trânsito de caminhões.

O cerco aos veículos de carga foi ampliado pela Prefeitura em dezembro último (12/12/2011), quando a restrição atingiu também a Marginal do Tietê e outras oito, classificadas como VER – Vias Estruturais Restritas. Com a medida, o tráfego de caminhões foi proibido de segunda a sexta-feira, entre as 4 e 10 horas, e das 16 às 22 horas; e sábados, das 10 às 14 horas. Até 1° de março próximo, a determinação irá vigorar em caráter educativo. A princípio, a aplicação de multas começaria em 12 de janeiro, mas foi adiada para 1° de março como resultado da mobilização liderada por Junji.

O deputado salientou que a liberação parcial para o transporte de alimentos perecíveis, adotada em determinados horários inicialmente restritivos, não basta para resolver os problemas do setor nem representa garantia de abastecimento no País. “Insisto que a única alternativa é o fim da proibição ao transporte de produtos perecíveis”, pontuou.

Além de Eduardo Macabelli, o grupo técnico da CET incluiu o chefe de Gabinete, Carlos Roberto Silva, o superintendente de Planejamento, Ricardo Laiza e Antônia Martinez, do DSV – Departamento de Operação do Sistema Viário. Participaram da reunião os integrantes da Comissão Representativa da Cadeia Produtiva de Agronegócios, coordenada pelo diretor do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, Minoru Mori: Maurício Shiguenori Tachibana, representante da Câmara de Hortaliças da Faesp – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo e presidente do Sindicato Rural de Ibiuna; José Luiz Batista, do Sincaesp – Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo; e os presidentes do Sindicato dos Feirantes de São Paulo, José Torres Gonçalves, e do Sindicato Rural de São Paulo, Yuichi Ide.

Também participaram do encontro na CET o presidente do Sincaesp, José Robson Coringa, o vice-presidente Associação dos Feirantes de São Paulo, Masumi Fukumoto, os diretores da Aphortesp – Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifrúti do Estado de São Paulo, Ivair Monteiro da Silva e Carlos Schmidt; e o Cel. Evaldo Soares, da diretoria técnica da Ceagesp; além de lideranças de outras categorias ligadas ao transporte de cargas e do deputado estadual Jooji Hato (PMDB), que acusou a CET de multiplicar restrições ao tráfego de caminhões, utilizando um projeto de Lei de autoria dele, aprovado na Assembleia Legislativa, que previa proibição ao trânsito de veículos pesados nos horários de pico.


Leia mais sobre o trabalho de Junji para superar a restrição ao tráfego de caminhões em São Paulo, que coloca em risco o abastecimento de produtos perecíveis no Brasil:

Ceagesp reforça mobilização
Adiada aplicação de multas
Audiência com o secretário municipal de Transportes
Comissão de lideranças.
Grupo técnico


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
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