Fiscais Agropecuários

Produtores não suportam a greve

Junji alerta que agronegócio está à beira da quebradeira com a falta de sementes e outros insumos, assim como a perda de produtos agrícolas perecíveis por conta da paralisação

21/08/2012


Mal terminou a greve dos caminhoneiros, que durou sete dias, acarretando prejuízos generalizados para os setores produtivos, o agronegócio brasileiro enfrenta mais um duro golpe por conta da paralisação dos fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Todos que dependem destes profissionais amargam dificuldades. Como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, os produtores rurais estão de novo na berlinda. E vão quebrar geral, se continuarem perdendo seus produtos”, alertou o deputado federal Junji Abe (PSD-SP).

Em reunião da FPA – Frente Parlamentar Mista em Defesa da Agropecuária, nesta terça-feira (21/08/2012), Junji conclamou os deputados a se unirem para evitar o “massacre dos pequenos produtores”, ocasionado pela sucessão de greves em elos considerados essenciais nas engrenagens das cadeias produtivas. Ele explicou que a paralisação dos fiscais agropecuários afeta o setor agrícola em “mão dupla”. Tanto impede as atividades no campo como compromete o escoamento dos produtos.

“Sem o trabalho dos fiscais agropecuários, nada entra no País e nada sai do Brasil”, sintetizou Junji, ao explicar que cerca de 70% dos insumos usados na agricultura, inclusive sementes, são importados. Ao mesmo tempo, completou o deputado, há “perdas incalculáveis de produtos perecíveis” retidos nos portos à espera de liberação para exportação. São itens in natura, como ovos e derivados de leite.

O presidente do Sindicato dos Fiscais Federais Agropecuários, Wilson Roberto de Sá, participou da reunião na expectativa de obter o apoio da FPA para as cobranças do comando da greve, iniciada no dia 6 de agosto último e suspensa, nesta terça-feira, por determinação do STJ – Superior Tribunal de Justiça. “Não importa o quanto sejam justas as reivindicações dos profissionais. Apelamos para que funcionários e governo busquem entendimento sem recorrer à paralisação. Não podemos apoiar o movimento grevista e assistir à quebradeira dos produtores”, argumentou Junji, lembrando que a agricultura é o principal sustentáculo da economia brasileira.

As considerações de Junji ganharam o respaldo dos demais parlamentares defensores do agronegócio. Os integrantes da FPA foram unânimes em dizer que estão dispostos a colaborar para o sucesso das negociações com o governo. Entretanto, não dariam respaldo à paralisação que já atinge outras categorias do funcionalismo público, em prejuízo da sociedade.

Presidente da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, Junji assinalou que os produtores de hortaliças, em especial, dependem da importação da maioria das sementes para manterem suas atividades. “Sem insumos para a produção, não tardará para faltar comida na mesa do brasileiro”.

Segundo o deputado, a paralisação dos caminhoneiros, ao longo de sete dias, já havia causado perdas irreparáveis aos pequenos agricultores que produzem itens perecíveis. Agora, emendou ele, a greve dos fiscais agropecuários impede o pessoal de plantar.

O líder sindical informou que os fiscais federais agropecuários pretendem manter o estado de greve ainda que a reivindicação salarial seja atendida. Wilson Roberto de Sá relatou que a categoria reclama a realização de concurso público para completar o quadro funcional e programas de reciclagem e atualização, além de regulamentação para preenchimento de alguns cargos de confiança. Atualmente, declarou ele, há 3.246 servidores na ativa, mas 58% já têm idade para se aposentar.

Segundo Junji, caberá ao governo equacionar a insatisfação das categorias do funcionalismo público. “Mas, como representantes do povo, temos obrigação de pedir que as partes cedam um pouco para que prevaleça o principal: o bem-estar da população”, afirmou o deputado, retrucando a declaração de Sá sobre o direito dos fiscais agropecuários à greve.

Num momento em que o governo está fragilizado com a crise internacional, ponderou Junji, “tudo o que não poderia ocorrer é o colapso interno”. Ele se referiu à sucessão de greves do funcionalismo público. “Nossas fronteiras estão escancaradas para contrabando e tráfico de drogas. Isto é o fim do mundo. Não pode prosseguir”, protestou, ao apontar que a paralisação de policiais federais, rodoviários federais e servidores da Receita Federal deixou a fiscalização operando com o efetivo mínimo. Desde segunda-feira (20/08), exemplificou, ninguém é parado pela Polícia na Ponte da Amizade, divisa do Brasil com o Paraguai, restando apenas vistorias da Receita, efetuadas por amostragem.

Também participaram da reunião da FPA o presidente Homero Pereira (PSD-MT), o senador Sérgio Souza (PMDB-PR), os deputados Carlos Magno (PP-RO), Abelardo Lupion (DEM-PR), Alceu Moreira (PMDB-RS), Lira Maia (DEM-PA),Valdir Colatto (PMDB-SC), Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR), Nelson Padovani (PSC-PR), Giovanni Cherini (PDT-RS) e Leonardo Vilela, (PSDB-GO), e o ex-deputado Zonta, atual consultor político da OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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