Entrevista

Sabatina com estudantes

Rumos da política, combate à corrupção, valores morais e atuação parlamentar estão entre os temas destacados por alunos de Jornalismo da UMC, durante programa

29/08/2012


“A política é a arte de praticar o bem comum. Porém, a atuação irresponsável de determinados políticos joga toda a classe política na vala comum do descrédito, esfacelando o único elemento que une homem público e população: a confiabilidade”. A afirmação é do deputado federal Junji Abe (PSD-SP) que participou, na noite desta quarta-feira (29/08/2012), do programa televisivo “Memória Mogiana”, produzido pelos alunos do 8º período de Jornalismo da UMC – Universidade de Mogi das Cruzes.

Convidado para o programa que marca o trabalho de conclusão de curso na disciplina de telejornalismo, Junji respondeu às questões dos jovens ao longo de três blocos de 15 minutos cada um. O professor Nivaldo Marangoni coordenou a entrevista que teve como apresentadores os alunos Ariane Noronha e Rodrigo Dias, além da participação de uma plateia composta por outros mais de 20 formandos.

Ex-secretário municipal de Comunicação Social de Mogi das Cruzes, na segunda gestão do atual deputado como prefeito mogiano, Marangoni conhece bem o parlamentar. “Junji não faz restrições a perguntas e sempre foi muito solícito com a Imprensa. Portanto, fiquem à vontade para questionaram o que quiserem”, orientou o professor, antes da gravação do programa que será reproduzido em DVD para posterior distribuição às escolas da Cidade.

Os alunos seguiram à risca a orientação do mestre. E perguntaram de tudo. Rumos da política, valores morais, combate à corrupção, atuação parlamentar, projeto de vida e outros temas fizeram parte da sabatina. Na noite desta quarta-feira, Junji tornou-se a 141ª personalidade entrevistada para a série “Memórias Mogianas”, produzida pelos estudantes de Jornalismo da universidade ao longo dos últimos cerca de 25 anos. “É um arquivo histórico de primeira grandeza e só tenho a agradecer pela oportunidade de integrar este acervo”, elogiou o deputado, escolhido por indicação unânime da sala para participar do programa.

Já na abertura da entrevista, os apresentadores mostraram que pesquisaram bem a vida do entrevistado. Rodrigo Dias quis saber o que sobrou em Junji do filho de camponeses, eleito vereador, em 1972, com a maior votação da história de Mogi das Cruzes (13% do colégio eleitoral), três vezes deputado estadual (1991-2000), duas vezes prefeito (2001 a 2008) e conduzido à Câmara Federal, com 113.156 votos em 367 municípios paulistas, para seu primeiro mandato na Casa (2011-2014).

Sobrou tudo, segundo Junji. “Assim como o País não é completo sem preservar sua história, um ser humano não evolui sem incorporar as lições que a vida lhe proporciona”. Filho e neto de imigrantes japoneses, o deputado contou que, desde a infância, recebeu dos seus ancestrais a missão de “amar este País, de todo coração, ajudar o povo em tudo o que for possível e fazer mais pelo Brasil que os próprios brasileiros”. Referindo-se aos ensinamentos que recebeu, ele cravou: “Mais do que palavras na mente da criança que fui, são princípios gravados na alma do homem que sou”.

Ao destacar que Junji deixou a Prefeitura de Mogi, em 2008, com pesquisas indicando 86% de aprovação popular, Ariane Noronha quis saber a fórmula para uma bem avaliada gestão e se havia algum projeto que o ex-prefeito deixara incompleto. A participação popular no cotidiano do gestor é o alicerce para o exercício de um mandato em cargo eletivo, como definiu o deputado. As ações desenvolvidas por ele, frisou, constavam do PGP – Plano de Governo Participativo, elaborado em conjunto com o povo mogiano.

O primeiro plano de governo da história da Cidade foi produzido por Junji em 2000, quando disputou a Prefeitura. Ao longo dos oito anos de governo, relatou ele, “cumprimos aproximadamente 95% das ações do programa e implantamos outras que não constavam dele”. Afinal, justificou, o PGP balizava a conduta da administração municipal, mas não era um documento “engessado”, tendo recebido acréscimos nos anos em que comandou o Executivo municipal, por sugestões da própria população.

Quanto a projetos não concluídos, Junji disse que a Cidade está em permanente crescimento, assim como as necessidades da população. “Há muito a ser feito para elevar a qualidade de vida dos mogianos. Cada gestor tem de dar o seu melhor, fazendo sua parte na história”, recomendou, enumerando a pujança do parque empresarial de Mogi, com destaque nas várias atividades econômicas.

Bandeiras nacionais
A atuação parlamentar na Câmara centralizou o segundo bloco da entrevista. O deputado federal Junji Abe contou que há 25 projetos de Lei de sua autoria na Casa. Porém, lamentou, o trâmite é lento. Embora muitos tenham recebido pareceres favoráveis em diversas comissões temáticas do Parlamento, levará tempo indeterminado até eventual aprovação. De acordo com o deputado, apesar de importantes, as emendas parlamentares para destinar verbas às cidades representam um trabalho pequeno perto das bandeiras nacionais que defende.

A implantação do período integral nas escolas públicas para elevar a qualidade da educação é um dos pontos defendidos com voracidade pelo deputado. Outro tema recorrente nos trabalhos de Junji é a valorização do agronegócio, lembrada pela aluna Carolina Nogueira. Como uma das árduas batalhas travadas desde que assumiu, ele citou a necessidade de ajustes no Novo Código Florestal para evitar o extermínio de míni e pequenos produtores rurais. “O Brasil tem potencialidades únicas no planeta para o desenvolvimento do setor agrícola. É vital compatibilizar a expansão no campo com a preservação da biodiversidade”, argumentou.

O filho
As eleições municipais também entraram em foco na entrevista. Juliano Abe, filho de Junji, é candidato a vereador pelo PSD (número 55.555). “Como o senhor vê a candidatura?”, perguntou Rodrigo Dias. “Não gostaria que ele fosse político”, disparou o deputado, justificando que a conjuntura atual, evidenciada por poucos maus representantes, joga toda a classe política na vala comum do descrédito. “Como se todos fossem picaretas e ingressassem na vida pública para ganhar dinheiro”, lamentou, com uma autenticidade que surpreendeu a jovem plateia.

Na primeira vez que Juliano manifestou interesse em ingressar na vida pública, ouviu do pai um conselho que soou como determinação: “Primeiro, você vai estudar, ter profissão e garantir o sustento, porque política não é ganha-pão de ninguém. É um sacerdócio que só pode ser seguido por quem tem a própria carreira profissional, mas também deseja servir a população”.

O filho de Junji formou-se em Direito, fez cursos de especialização no Brasil e no exterior, abriu uma bem-sucedida empresa de consultoria ambiental e tornou-se professor universitário, além de manter a atividade de produtor rural. No ano passado, revelou o pai, voltou a manifestar o desejo de ser candidato a vereador. “Hoje, eu garanto que Juliano Abe está preparado para servir Mogi”.

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Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com