Conflito Japão x China

Mobilização pelo entendimento

Vice-presidente dos grupos parlamentares Brasil-Japão e Brasil-China, Junji recorre ao Ministério das Relações Exteriores em busca de orientação para restabelecer diálogo entre os dois países

19/09/2012


Preocupado com os efeitos do conflito entre Japão e China, agravado nesta semana, o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) iniciou uma mobilização para pedir serenidade às lideranças representativas das comunidades dos dois países no Brasil. Ele também recorreu ao Ministério das Relações Exteriores em busca de orientação para que o governo brasileiro utilize seu prestígio no cenário mundial a fim de mediar o restabelecimento do diálogo entre as duas nações.

“Precisamos resgatar o entendimento para evitar que o embate diplomático se degenere em confronto trazendo consequências desastrosas para o mundo todo, inclusive para o Brasil que mantém fortes relações sociais e comerciais com os dois países”, argumentou Junji, nesta terça-feira (18/09/2012), durante audiência com o embaixador Francisco Mauro Holanda, diretor do Departamento da Ásia do Leste do Ministério das Relações Exteriores.

Vice-presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão e do Grupo Parlamentar Brasil-China, no Congresso Nacional, Junji também está apreensivo com a repercussão da crise sobre as comunidades de japoneses, chineses e respectivos descendentes que vivem no País. “Temos de evitar, a todo custo, que o conflito contamine a secular convivência serena e o relacionamento harmonioso entre os povos”.

Holanda elogiou a atitude do deputado, classificando como “procedente e muito justa” a reivindicação para que o governo brasileiro se mantenha alerta à necessidade de mediar o conflito. Segundo o embaixador, enquanto não houver participação da ONU – Organização das Nações Unidas, o Brasil tem prestígio e pode intermediar crises de qualquer país. Contudo, ponderou ele, a eventual intervenção direta só ocorreria em caso de confronto bélico nas nações que fazem fronteira com o território brasileiro.

O embaixador solicitou a Junji que fosse o porta-voz de um apelo do Itamaraty às lideranças representativas das comunidades nipônicas e chinesas residentes no Brasil. “O pedido é para que todos mantenham a serenidade a fim de absorver a crise. E, principalmente, não se deixem contaminar pelo clima de hostilidade existente entre China e Japão. Seria uma temeridade comprometer o bom relacionamento entre os povos aqui no País”, explicou o deputado.

Empenhado em contribuir para a retomada das relações amistosas entre os dois países, Junji também atuará no sentido aproximar o Congresso Nacional dos Parlamentos do Japão e da China. Por meio dos grupos parlamentares de que faz parte, ele pedirá ao Poder Legislativo das duas nações que se dediquem à administração da crise com o objetivo de resgatar o entendimento.

De acordo com Junji, os Parlamentos brasileiro, japonês e chinês podem trabalhar juntos para ajudar Japão e China a superarem as desavenças, restabelecendo as boas relações diplomáticas. “Nosso País mantém intercâmbios exponenciais com as duas nações em todos os setores do conhecimento humano. Se não for contornado, o conflito trará largos prejuízos para todos, incluindo a sociedade brasileira que amargará reflexos, como fechamento de postos de trabalho e quedas nas exportações”, advertiu.

O deputado lembrou que, como vizinhos, os dois países seriam beneficiados seguindo a lógica universal da união. Juntos, explicou ele, são um bloco potente para enfrentar a concorrência no mercado internacional. Ele citou que a China é o segundo maior parceiro comercial do Japão. O próprio Brasil, antes de consolidar relações econômicas com as potências asiáticas, dependia da unilateralidade com os Estados Unidos, como observou Junji.

Também participaram da audiência no Ministério das Relações Exteriores, Paulo Ming Azevedo, secretário da Assessoria Especial de Assuntos Federativos e Parlamentares; o secretário Carlos Eiji Suzuki de Amorim; e o 3º secretário, Benedito Ribeiro da Silva Júnior.

Tensão
A animosidade entre China e Japão tem raízes históricas. Remonta ao período que antecedeu as batalhas sino-japonesas e a Segunda Guerra Mundial, quando o exército japonês invadiu a Manchúria dando origem à disputa sangrenta que se alastrou sobre todo território chinês e só terminou em 1945. “É um sentimento adormecido, no subconsciente dos descendentes, e foi despertado agora com a disputa diplomática pela soberania das ilhas, desencadeando no povo chinês uma reação desproporcional à causa”, relatou o deputado federal Junji Abe.

Na visão de Junji, o conflito instalado entre as duas grandes nações é desproporcional ao objeto da disputa: ilhas desabitadas e com território rochoso. Exceto que o solo do arquipélago contenha fartas riquezas minerais, a crise parece ser decorrente do aflorar de rancores surgidos no passado e não superados ao longo do tempo. “Falo de sentimentos de aversão represados que precisam ser absorvidos em nome da paz e do crescimento mútuo dos dois países”. Como exemplo da animosidade existente entre as potências asiáticas, está a rejeição da China para a entrada do Japão no Conselho de Segurança da ONU. Desde 1972, o governo chinês procura evitar que o vizinho tenha assento no departamento.

O Mar da China Oriental é o epicentro do conflito territorial entre os dois países. A tensão começou no dia 10 de setembro, por conta das ilhas Senkaku (ou Diaoyu para os chineses). Trata-se de um arquipélago rochoso e desabitado controlado pelo Japão, e reivindicado pela China. O governo japonês anunciou a compra das três ilhas por 2,05 bilhões de ienes, visando a nacionalização. Em contrapartida, os chineses enviaram navios de guerra para patrulhar a área. O Japão considerou a atitude uma “provocação”.

Daí em diante, pipocaram protestos contra o Japão. A violência atingiu as empresas japonesas instaladas na China e também japoneses residentes em território chinês. Manifestantes chineses invadiram instalações, depredaram bens e ameaçaram a segurança de funcionários das companhias, forçando o fechamento de lojas e a suspensão de parte da produção das três principais montadoras nipônicas de veículos – Toyota, Nissan e Honda.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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