Educação

Qualidade não pode ser lenda

Em audiência da comissão especial que analisa reformulação do ensino médio, Junji volta a insistir que a melhoria precisa começar no nível básico, com período integral em todas as escolas

27/02/2013


A média nacional de estabelecimentos funcionando em período integral gira em torno de 5%. Nas regiões Sul e Sudeste, o percentual também não ultrapassa 10%. Ao citar os dados, o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) voltou a insistir na implantação do sistema em todas as escolas brasileiras. “Os avanços no sistema educacional precisam começar pela educação infantil e nível fundamental para alicerçar a adequada aprendizagem dos alunos nas etapas seguintes”, defendeu o parlamentar, sub-relator do Estado de São Paulo na comissão especial que estuda a reformulação do ensino médio.

Em mais uma da série de audiências realizadas pela comissão para discutir o tema, Junji pregou que o novo modelo de grade horária deve ser aplicado nas esferas federal, estadual e municipal. “O ensino de uma forma geral precisa ser integral, com conteúdo de qualidade, em escolas bem estruturadas, dotadas de recursos multimídia, espaços apropriados para atividades socioculturais e desenvolvido por profissionais preparados e valorizados. É isto que estamos devendo para a população brasileira”.

Apontando que não é profissional do Magistério, Junji assinalou que a educação de alto nível é a base para a sociedade na busca do conforto da igualdade social. Ao clamar por medidas práticas para combater, por exemplo, a evasão escolar – na casa dos 70% no ensino médio, ele frisou que a “qualidade educacional precisa deixar de ser tratada como lenda”. Na visão do deputado, não há como pensar em excelência no processo de aprendizagem e repetir que a educação é importante com três ou quatro horas diárias de aulas, no máximo. “É fundamental que nós, homens públicos, possamos assumir de fato que não podemos ficar no discurso e na poesia”, conclamou.

Com o período integral, evidenciou Junji, os educadores e o conteúdo curricular passam a ter o tempo de aulas como aliado do processo de aprendizagem. “Os alunos também desenvolvem atividades artístico-culturais, praticam esportes e recebem outras lições importantes para sua formação pessoal”, completou, enfatizando que crianças e adolescentes deixam de ficar nas ruas à mercê da criminalidade.

Junji adicionou que a medida completa a lacuna gerada pela proibição legal do trabalho antes dos 16 anos de idade. Inserido na Constituição para incentivar os menores a estudar, segundo o parlamentar, o dispositivo não teve o devido respaldo em investimentos públicos na educação e acabou por instituir o ócio de crianças e adolescentes no horário livre das aulas, expondo os alunos, principalmente os das classes menos favorecidas, ao risco de seguirem o caminho das drogas e da violência.

O representante do Consed – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação, Daniel Sant’ana. Ele concordou com Junji e apenas ponderou que a educação em tempo integral deve ser feita de forma gradativa. “Deve ser feito de forma gradual, paulatinamente. E tem de começar por algo que seja viável e possível de ser replicado nas escolas de todos os sistemas estaduais”, disse ao apresentar à comissão um material contendo propostas para avanços no ensino médio.

Instalada em maio último, a comissão especial, presidida pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), planeja apresentar uma proposta de alteração na legislação atual sobre o ensino médio, com a reformulação do currículo e outras providências. A audiência desta terça-feira (26/02/2013) foi sugerida pelo deputado Wilson Filho (PMDB-PB).

Lopes anunciou a realização do encontro durante reunião com representante da Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. O colegiado quer trabalhar juntamente com os secretários que são, de acordo com a Constituição, os responsáveis pelo tema. O presidente declarou também que pretende ter um relatório preliminar antes de o grupo seguir para os estados. Assim, ele espera que as discussões nas capitais possam avançar a partir dos desafios já identificados pela comissão.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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