Ferrugem Asiática

Junji cobra combate à praga

Em reuniões da Capadr e da Frente da Agropecuária, deputado defende atuação das autoridades para superar o problema que ataca a soja e já acarretou prejuízos de US$ 25 bilhões ao País

23/05/2013


Ao longo dos últimos dez anos, as lavouras de soja no Brasil acumulam prejuízos da ordem de US$ 25 bilhões. Somente em Mato Grosso, o Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária estima cerca de US$ 1,5 bilhão em perdas diretas na safra 2012/2013, o equivalente a 40 milhões de sacas. O nome do vilão é ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que provoca a desfolha precoce da planta impedindo a completa formação dos grãos, o que gera redução na produtividade. Ao acompanhar a exposição dos dados, o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) criticou o descaso do governo com um problema que aniquila produtores no País inteiro e ameaça os resultados do agronegócio brasileiro ao negligenciar a mais importante doença que ataca o setor.

“A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já confirmou que o único ingrediente ativo para controlar o fungo está perdendo a eficiência, mas desde 2006, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deixa o setor produtivo num vácuo sanitário porque não registra qualquer produto eficaz no combate à doença”, relatou Junji, ao apontar que os defensivos agrícolas aguardam liberação numa fila que levaria cerca de 117 anos para ser desfeita.

Os dados mostrados pela Famato – Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso e pela Aprosoja-MT – Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso polarizaram as discussões em dois colegiados da Casa, de que Junji faz parte. Primeiro, na terça-feira (21/05/2013), em encontro da FPA – Frente Parlamentar da Agropecuária. Depois, na quarta-feira (22/05), em reunião ordinária da Capadr – Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

O objetivo imediato dos deputados ruralistas é destravar a liberação do registro de produtos eficazes no combate à ferrugem asiática, a fim de que os produtores possam utilizar os medicamentos no controle do fungo. “Evidente que a análise e autorização para a entrada de defensivos agrícolas no mercado requer todo cuidado e monitoramento. Porém, é inadmissível o vazio sanitário que deixa as lavouras sem fungicidas adequados desde 2006”, protestou Junji.

Com a finalidade de chamar a atenção das autoridades para atuarem na solução do problema, os integrantes da Capadr, presidida pelo deputado Giacobo (PR-PR), defendem a realização de uma audiência pública. Eles propõem a participação de representantes da Anvisa, do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Vamos cobrar trabalho”, resumiu Junji, ao evidenciar que a comercialização e uso de fungicidas capazes de combater a ferrugem asiática dependem da aprovação desses órgãos públicos, “visivelmente morosos” na avaliação e trâmite dos processos.

Em recente audiência pública realizada pela CRA – Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, a Anvisa creditou a demora na análise do medicamento à substituição do técnico encarregado do trabalho. “O primeiro foi promovido. O segundo assumiu e não teve bom desempenho. O terceiro ainda estaria tomando pé do assunto. Ora, faça-me um favor, porque tal ocorrência é de um desleixo de dar raiva”, criticou Junji.

Presidente da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Horifrutiflorigranjeiros lembrou que os efeitos da ferrugem asiática não se limitam às lavouras de soja. “Os prejuízos se alastram pela cadeia toda. Afetam a criação de aves e suínos, por exemplo, que tem na soja o principal insumo para alimentação dos animais, além de resultar no fechamento de postos de trabalho, provocar queda na arrecadação tributária e perdas na balança comercial, entre outros, como a alta de preços para o consumidor”.

Para o combate da ferrugem asiática, existem atualmente dois novos princípios ativos de agroquímicos para serem liberados pela Anvisa. Junji pontuou que o governo e os órgãos reguladores precisam ser mais ágeis na liberação de substâncias eficientes no combate às doenças que causam impactos negativos às lavouras. “Também é vital ampliar os investimentos em pesquisa e viabilizar a devida assistência técnica e extensão rural”, completou o deputado, ao evidenciar que a quase totalidade dos produtores não têm acesso à informação para aperfeiçoar práticas agronômicas. Dados do mais recente Censo Agropecuário, de 2006, mostram que o Brasil tinha 5,2 milhões de propriedades rurais, mas apenas 983 mil usavam alta tecnologia.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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