Educação

Avanços sem esperar royalties

Em audiência da comissão especial que analisa reformulação do ensino médio, Junji insiste em ações imediatas para garantir educação de qualidade, passaporte para a justiça social

13/08/2013


Sem educação de qualidade, não há justiça social nem nação desenvolvida. O alerta veio do deputado federal Junji Abe (PSD-SP), durante audiência pública, realizada nesta terça-feira (13/08/2013) pela comissão especial sobre a reformulação do ensino médio. Sub-relator do Estado de São Paulo no colegiado, ele foi categórico em afirmar que os avanços imprescindíveis a serem efetivados nesta fase da escolaridade não podem esperar recursos dos royalties do pré-sal.

“Há uma série de incentivos para o ensino superior e para a educação infantil, mas o ensino médio é deixado de lado. Estamos cuidando de dois extremos e esquecendo o meio. É fundamental que o Estado cuide dos brasileiros e dê prioridade à educação. A falta de qualidade, queira ou não, é um processo de ordem política”, classificou Junji.

Defensor do tempo integral nas escolas, Junji pontuou que “o ensino de uma forma geral precisa ser integral, com conteúdo de qualidade, em escolas bem estruturadas, dotadas de recursos multimídia, espaços apropriados para atividades socioculturais e desenvolvido por profissionais preparados e valorizados”. E completou: “É isto que estamos devendo para a população brasileira”.

O tempo de meras quatro horas, disponível atualmente para os alunos do ensino médio assimilarem as lições beira à raia do “ridículo”, na avaliação de Junji. Com o período integral, evidenciou, os educadores e o conteúdo curricular passam a ter o horário de aulas como aliado do processo de aprendizagem. “Os alunos também desenvolvem atividades artístico-culturais, praticam esportes e recebem outras lições importantes para sua formação pessoal”, observou, enfatizando que crianças e adolescentes deixam de ficar nas ruas à mercê da criminalidade.

Convidado para participar do debate, o cientista político, sociólogo e pesquisador do IETS – Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, Simon Schwartzman, confirmou que as deficiências no ensino médio, associadas ao alto índice de evasão de alunos nesta etapa de formação escolar, são um entrave à meta brasileira para a próxima década: passar de 17% para 33% de matrícula no ensino superior entre jovens de 18 a 24 anos. Essa seria a média dos países da América Latina que têm um ensino superior mais acessível, como México, Chile e Argentina.

Se todos os jovens dessa faixa etária se formassem no ensino médio, haveria 3 milhões aptos a entrar nas faculdades, segundo estudos de Schwartzman, um dos maiores especialistas em educação superior no País. Considerando metade desses jovens mais 1/3 dos que estão acima desse intervalo de idade, estaria constituído um universo de 8 milhões de matriculados ao mesmo tempo, por quatro anos, no ensino superior. Essa é a taxa máxima que o Brasil pode esperar, de acordo com o especialista.

Porém, para chegar perto da meta, Junji pontuou que será necessário adotar medidas práticas para combater, por exemplo, a evasão escolar – na casa dos 70% no ensino médio. “O aluno não tem motivação para continuar na sala de aula. O professor não tem estímulo para ensinar. A estrutura escolar não permite melhorias. São problemas a serem saneados com o máximo de rapidez”, apregoou.

A educação superior no Brasil tem três metas no novo PNE – Plano Nacional de Educação (PL 8035/10): elevar a taxa de matrícula em universidades, aumentar o número de mestres e doutores formados no Brasil, e melhorar a qualidade da formação oferecida. Atualmente, 76% da educação superior está no setor privado, que concentra 88% das vagas disponíveis (cerca de 2,8 milhões de vagas), segundo dados do Censo da Educação Superior, feito em 2009 pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.

Em meio às dificuldades que envolvem o ensino médio, Junji elogiou os esforços da comissão especial que não poupa esforços para coletar todos os subsídios possíveis para formular um projeto factível e eficaz. Além das dezenas audiências promovidas, haverá o Seminário Nacional de Reformulação do Ensino Médio, que será promovido pela Câmara dos Deputados, entre os dias 11 e 12 de setembro, no auditório do Cefor – Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento. “Talvez seja a etapa final para que possamos desenvolver um projeto baseado em todos os estudos e proposições aqui apresentados para reformularmos o ensino médio com a eficiência que o Brasil tanto precisa”.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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