Floricultores

Aprovado projeto contra burocracia

Comissão de Agricultura da Câmara acolhe iniciativa de Junji de dispensar flores e plantas ornamentais da inscrição no RNC – Registro Nacional de Cultivares

15/08/2013


A Capadr – Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara aprovou, por unanimidade, o substitutivo ao projeto de Lei (4937/2013), de autoria do deputado federal Junji Abe (PSD-SP), que dispensa os cultivares de flores e plantas ornamentais de domínio público da obrigatoriedade de inscrição no RNC – Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O texto do relator, deputado Bohn Gass (PT-RS), alterou somente a redação, mantendo a essência da proposta original.

“Concordando com a proposição, apresento uma nova redação, que creio dar mais fluidez à interpretação legal do dispositivo, mantida integralmente a concepção dada pelo autor”, manifestou-se o relator sobre o projeto de Junji. Apresentada em fevereiro último (05/02/2013), a proposta altera a Lei 10.711/2003 para livrar os floricultores da burocracia que compromete a agilidade no lançamento de variedades de flores e plantas ornamentais.

Ao endossar os argumentos de Junji, o relator disse que “o projeto de Lei é salutar e poderá dar mais dinamismo às cadeias produtivas deste segmento”. Ele lembrou que o setor de flores e plantas ornamentais apresenta contínuo crescimento, tanto no mercado interno como nas exportações. “Emprega tecnologias e mão de obra e vem se desenvolvendo em diversas regiões do País”, completou.

Com o aval da Capadr, nesta quarta-feira (14/08) o projeto de Junji seguirá para avaliação da CCJC – Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se receber acolhida dos membros deste colegiado, será aprovado sem necessidade de votação em Plenário. “Os floricultores contam com a sensibilidade dos parlamentares da Casa para ficarem livres de uma obrigação que só trava os avanços do setor”, comentou o autor da proposta.

A exigência de inscrição das cultivares de flores e plantas ornamentais no RNC tem gerado apenas burocracia e gastos desnecessários ao setor produtivo, como apontou Junji. “Num mercado competitivo como este, a demora de dois, três anos até o cumprimento da medida burocrática derruba o produtor que se esforçou para obter uma nova variedade”, relatou o deputado, evidenciando a lentidão do processo no Ministério. E acrescentou: “Enquanto ele aguarda a burocracia, o cultivar pode entrar no Brasil vindo de outro país, sepultando seu mérito, investimento e negócio”.

O Registro Nacional de Cultivares visa habilitação prévia de cultivares e espécies para a produção e a comercialização de sementes e mudas no País, independente do grupo a que pertencem – florestais, forrageiras, frutíferas, grandes culturas, ornamentais, entres outros. O RNC foi estabelecido pela chamada Lei das Sementes (10.711, de 05/08/2003) e regulamentado por decreto (5.153, de 23/07/2004). Atualmente, existe apenas uma exceção para liberar da obrigatoriedade as cultivares locais, “tradicional ou crioula”, utilizadas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária ou povos indígenas.

Porém, evidenciou Junji, a experiência adquirida após dez anos de implantação do RNC mostra que plantas e flores ornamentais também devem ficar livres da obrigatoriedade. A exigência trava as inovações até que a inscrição seja consolidada. Como são itens utilizados em decoração, observou o deputado, não deveriam ser submetidos aos mesmos critérios de insumos e produtos alimentícios.

“São os próprios produtores, com seus recursos, que pesquisam inovações. Porém, ficam impedidos de colocar as espécies no mercado até a liberação do Ministério”, completou, ao insistir na adoção de procedimento ágil para autorizar a comercialização de novos cultivares do segmento.

Ainda para sustentar a procedência do apelo, Junji pinçou a questão do valor comercial de cada nova espécie ou cultivar que, segundo ele, geralmente, é subjetivo. O deputado argumentou que o preço depende “mais dos caprichos de moda e gosto dos consumidores”, responsáveis por impulsionar a introdução de outras cores e tipos. “O valor só é determinado na hora da comercialização, gerando, muitas vezes, surpresas inesperadas”, acrescentou e evidenciou a impossibilidade de antecipar este componente ao Ministério da Agricultura.

O valor comercial não depende só da variedade, mas também das instalações técnicas que variam muito de produtor para produtor, da época e do local da produção. “O empresário rural que quer se destacar no segmento de flores e plantas ornamentais precisa experimentar novas variedades e investir em inovações para conquistar o consumidor”, comentou Junji. Como exemplo, ele citou as variedades híbridas, como a da orquídea Chuva de Ouro.

Nos últimos 25 anos, todas as novidades que chegaram ao mercado foram pautadas pelas preferências do consumidor. “Portanto, o RNC para flores e plantas transformou-se em exigência meramente burocrática que não traz nenhum benefício ao setor e nem informações estatísticas para o Ministério da Agricultura. Apenas gera custos desnecessários e atrasa inovações, prejudicando toda cadeia produtiva”, defendeu Junji, com a experiência de haver nascido numa família de agricultores e se mantido na atividade ao longo dos seus 72 anos de idade.

Medida paliativa
Enquanto o projeto de Lei 4937/2013 tramita na Câmara, o deputado federal Junji Abe conseguiu do Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento uma medida paliativa para amenizar os problemas vividos pelos floricultores por conta da exigência de registro. Acolhendo pedido do parlamentar, o ministro Antônio Andrade determinou a simplificação dos procedimentos necessários à inscrição de flores e plantas ornamentais no RNC – Registro Nacional de Cultivares da pasta.

Encampado por Junji em fevereiro último, antes da posse do atual ministro, o processo estabelece um novo formulário para o cadastramento de flores e plantas ornamentais. “O cadastro passa a exigir apenas informações essenciais sobre o cultivar, eliminando, por exemplo, os demorados e onerosos testes de adaptabilidade”, sintetizou o deputado, que também preside a Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros.

Com a mudança no procedimento, o produtor interessado poderá obter o formulário do registro diretamente no site do ministério. Basta preencher os dados, recolher a taxa e encaminhar o cadastro, pelo Correio, para o Mapa. A medida consta da IN – Instrução Normativa 28, de 25/07/2013, publicada na página 3 do DOU – Diário Oficial da União de 26/07.

Para subsidiar a equipe técnica do ministério na alteração do processo, explicou Junji, os presidentes da Cooperativa Agropecuária Holambra, Theodorus Breg, e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Ministério da Agricultura (colegiado do qual o parlamentar também faz parte), Silvia van Rooijen, apresentaram sugestões destinadas à simplificação da forma de registro dos cultivares do segmento.

Somente no ano passado, cerca de 17 mil cultivares de flores e plantas ornamentais aguardavam na fila para liberação do Ministério da Agricultura. Destes, uma parcela aproximada de 1,2 mil foram analisados. Ao expor os dados, Junji evidenciou a importância da aprovação do projeto de Lei em benefício de milhares de produtores, além de ser vital para aliviar a sobrecarga na pasta.

Crédito da foto: Cláudio Araújo


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
E-mail: mel.tominaga@junjiabe.com