Mobilidade Urbana nas Capitais

Mais metrôs, com tarifa menor

É o que Junji defende, alertando que governantes têm de investir com eficiência no setor metroviário e baixar tarifas para estimular cidadãos a preferirem o transporte coletivo em vez do individual

25/09/2013


A evolução da mobilidade urbana nas regiões metropolitanas depende da vontade política dos governantes de investirem, com eficiência e rapidez, na ampliação dos metrôs, associada à redução das tarifas. A opinião é do deputado federal Junji Abe (PSD-SP) que participou, nesta quarta-feira (25/09/2013), de audiência pública realizada pela CDU – Comissão de Desenvolvimento Urbano para debater a infraestrutura de transportes nas capitais brasileiras.

Defensor incondicional do resgate das ferrovias, Junji entende que não há como pensar em desenvolvimento sustentável das grandes cidades sem cuidar da infraestrutura de transportes, com prioridade para elevar a eficiência dos coletivos e multiplicar ciclovias. “Um sistema bem arquitetado de trens e metrôs, com tarifas acessíveis, dotado de conforto, pontualidade, frequência de circulação e segurança é vital para diminuir o caos instalado no trânsito das metrópoles”.

No debate, houve consenso de que a falta de mobilidade urbana ainda desafia todos os municípios e que os gargalos não serão resolvidos com a conclusão dos projetos criados para as cidades-sede da Copa de 2014. Igualmente, os parlamentares acreditam que o País terá enormes dificuldades para sediar o evento.

O grau de satisfação dos usuários do transporte público no Brasil só aumentará quando os governos estaduais e municipais proporcionarem sistemas que atendam as justas reivindicações da população, como apontou Junji. Ele disse que as pessoas não podem continuar a mercê de meios falidos, ineficazes, inseguros e caros. “Não dá para evoluir com olhos integralmente voltados para o modelo rodoviário que, há décadas, se confirma inviável”, ponderou, citando os congestionamentos, o longo tempo de percurso, o número de veículos aquém da demanda, o desconforto das viagens e os altos preços das passagens.

Segundo Junji, em uma escala de zero a dez, o grau de satisfação do usuário com o transporte público, hoje, não passa de três. “Se mudarmos para o sistema metroviário, bem estruturado, eficiente e com preço justo, talvez tenhamos condições de oferecer, no mínimo, qualidade oito para a população”, analisou Junji, considerando uma “barbárie” o trabalhador ser obrigado a gastar mais de 30% do seu salário com transporte e ter de passar, no mínimo, quatro horas diárias sacolejando nos ônibus para ir e voltar.

Na opinião de Junji, o governo brasileiro tarda na adoção de medidas para melhorar a mobilidade urbana, equacionando a oferta de trens e metrôs eficientes e dando condições para o aumento do uso de bicicletas. Os males enfrentados nas grandes cidades brasileiras sinalizam para o agravamento do caos no trânsito e da crescente perda da qualidade de vida, em função do descaso com a mobilidade urbana. “Não basta garantir o direito de ir e vir. É preciso oferecer agilidade, praticidade, preço justo e conforto no deslocamento de um ponto a outro para todos os segmentos sociais, incluindo portadores de deficiência”, apregoou.

O Brasil vive o estágio em que cidades super-habitadas expandem-se nas regiões metropolitanas. Embora os empregos estejam concentrados no eixo central desses aglomerados, quem garante o sustento das cidades são os cerca de 70% da população de menos favorecidos, cada vez mais distantes dos polos de negócios e vitimados por transporte coletivo precário, como pontuou Junji.

Os brasileiros das classes média e alta optam pelo transporte individual. “Por conta das sérias deficiências do transporte coletivo, da inexistência ou baixa oferta de ciclovias e das facilidades de comprar um carro, cada vez mais gente se desloca com condução própria”, completou ele, ao cobrar investimentos maciços e eficazes em mobilidade urbana.

Num cálculo simples, evidenciou Junji, os custos do tempo perdido em congestionamentos monstruosos somados aos da multiplicação de grandes áreas para estacionamentos, que poderiam ser direcionadas a iniciativas de maior alcance social, seriam suficientes para assegurar o aporte dos investimentos necessários para aperfeiçoar os serviços de ferrovias, metrôs e outros coletivos, além de ampliar as ciclovias.

Com um sistema ferroviário moderno e abrangente, avaliou Junji, os deslocamentos de cargas também deixariam de se concentrar nas rodovias. “Isto resultaria em agilidade, menos perdas e menores custos para os setores produtivos, ampliando a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e reduzindo os preços ao consumidor no mercado interno”.

Já a população passaria a optar pelo transporte coletivo se tivesse um serviço de qualidade. “Para trocar o uso do seu carro pelo coletivo ou pela bicicleta, o cidadão precisa sentir que compensa. Ou seja, saber que gastará bem menos, economizará tempo e desfrutará de conforto”, comentou Junji.

Requisitada pelo deputado João Paulo Lima (PT-PE), a audiência pública também teve a participação da secretária de Transporte de Porto Alegre, Maria Cristina Molina Ladeira, do representante da Fetranspor – Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro, Marcos Bicálio; e do arquiteto e urbanista Fabiano Sobreira, entre outras lideranças e parlamentares.


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Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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