Parque Centenário

Junji incentiva estudantes

Em palestra para alunos de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Braz Cubas, ex-prefeito conta como surgiu ideia de criar espaço e o que foi feito para concretizá-lo

25/05/2015


A implantação do Parque Centenário da Imigração Japonesa em Mogi das Cruzes foi tema da palestra proferida pelo ex-prefeito e deputado federal suplente Junji Abe (PSD-SP) aos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UBC – Universidade Braz Cubas. “A ideia do espaço surgiu das reflexões acerca da seguinte pergunta: O que fazer para marcar, em nossa Cidade, os 100 anos da vinda dos primeiros japoneses ao Brasil?”, explicou ele, idealizador do polo socioambiental, inaugurado em 28 de junho de 2008, durante sua segunda gestão à frente da Prefeitura mogiana.

A participação de Junji, na noite desta sexta-feira (22/05/2015), atendeu convite da aluna Rita Ruas e dos professores Miriam Escobar e Carlos Costa que escolheram o Parque Centenário para desenvolver a chamada Escola do Conhecimento, com ênfase no conceito de patrimônio ambiental, associado à valorização e difusão cultural. “Estamos receptivos na esperança de ampliarmos nossa atuação no âmbito do ensino na universidade, levando a experiência acadêmica à prática junto à comunidade mogiana”, detalharam os docentes.

A inquietação, relatada por Junji na abertura da palestra, moveu as ações que culminaram com a implantação do Parque Centenário. “Nosso objetivo era homenagear, simultaneamente, os imigrantes e seus descendentes assim como a população mogiana. Como não há amizade unilateral, uma homenagem digna e legítima precisava ter mão dupla. Tinha de ser algo grandioso como a ligação entre os dois povos. E vivo, capaz de evoluir, transformar e de ser transformado”.

Como amostra máxima da metamorfose, Junji pinçou a própria área do parque. Antes do empreendimento, os 215 mil metros quadrados denunciavam a desenfreada investida do ser humano sobre a natureza. Tudo o que havia no espaço, localizado no Distrito de César de Souza, eram crateras herdadas da exploração mineral, às margens do Rio Tietê.

O ex-prefeito revelou que a propriedade acumulava dívidas em tributos junto à administração municipal. “Recebemos a área como compensação pelos débitos. Muitos diziam ser um mau negócio porque o espaço degradado não servia para nada. Preferimos acreditar e trabalhar muito a fim de que se tornasse um lugar perfeito para o futuro parque”. A iniciativa só deu certo porque, segundo Junji, as pessoas, tanto os funcionários da Prefeitura como a própria comunidade mogiana, abraçaram a ideia.

“Ninguém pode se dar ao luxo de dizer que faz todas as coisas sozinho”, ensinou o palestrante. A partir do projeto básico da Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo, comandada pelo ex-professor da UBC (que ainda é o titular da pasta), João Francisco Chavedar, a área degradada foi ganhando a forma do atual parque. Os próprios funcionários da administração municipal executaram as obras. “Dinheiro é sempre minguado nas prefeituras que ficam com 10% a 15% do bolo tributário arrecadado no País”. Como não havia recursos para contratar uma empresa, a equipe municipal assumiu a empreitada.

Junji evidenciou que servidores municipais saíram da rotina de tapa-buracos, roçada, funilaria, mecânica, funções burocráticas, projetos culturais e outros serviços públicos para cumprir a árdua missão de tirar o projeto do papel. Também despontaram talentos, até então, ocultos. “Eles produziram obras de arte, como a réplica do navio Kasato Maru e a extraordinária escultura da família brasileira dando as boas-vindas aos imigrantes japoneses”.

Além disso, pontuou o ex-prefeito, na ocasião da inauguração, havia o Pavilhão das Bandeiras. Nele, tremulavam as flâmulas do Brasil, do Japão, do Estado de São Paulo e de Mogi das Cruzes, além dos outros 26 estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, e das 47 províncias japonesas.

Outra edificação destacada por Junji no parque é o Espaço Bom Odori-Samba, uma área especial que tanto pode ser utilizada para apresentações da folclórica dança japonesa como para shows de samba e pagode, entre outros gêneros. Ele também citou o Memorial da Imigração, Memorial do Parque, Memorial de Seki e Toyama – cidades-irmãs de Mogi –, Ilha do Torii, chafariz, ponte em arco, playground, minicampo de futebol, quadra de vôlei, chalés e churrasqueiras, além de trilhas em meio a mosaicos verdes, de rica diversidade natural.

Para viabilizar o parque, Junji destacou a efetiva participação da sociedade mogiana. “Empresários dos mais diversos setores doaram recursos financeiros, máquinas, insumos da construção e até serviços. Pessoas físicas também fizeram questão de levar suas contribuições, o que nos emocionou muito”.

Sob o aspecto de benefício social, o Parque Centenário preencheu a lacuna da oferta de um espaço de lazer, recreação e contato com a natureza na porção Leste da Cidade. “Na área Oeste, havíamos instalado o Parque Leon Feffer, na Vila São Francisco. Ocorre que as pessoas residentes no outro extremo de Mogi, especialmente as de menor poder aquisitivo, acabavam privadas de utilizar o espaço”, observou Junji citando o custo do transporte público que a Prefeitura não podia subsidiar.

Como definiu Junji, o Parque Centenário homenageia japoneses e descendentes com a memória da imigração e a reprodução de ícones da arquitetura nipônica. Ao mesmo tempo, prosseguiu, homenageia os mogianos com um espaço público para o lazer, atividades culturais e, principalmente, para incentivar o convívio familiar. “Surgiu, assim, um novo complexo de fundamental importância para a construção de uma sociedade mais fraterna, mais justa, mais bonita e mais segura”.

Junji também enfatizou a importância do parque como exemplo de sustentabilidade. “Pegamos uma área degradada às margens do Tietê e demos uma utilização sociocultural e ambiental. É fundamental praticar o urbanismo em sintonia com as necessidades das pessoas, sem ignorar o incentivo à prudência ambiental”.

Canal direto
Entusiasmados com a exposição do ex-prefeito Junji Abe sobre os fatos que motivaram a implantação do Parque Centenário, os cerca de 60 estudantes da plateia quiseram saber se os trabalhos desenvolvidos na universidade poderiam ser aproveitados pela administração municipal. “Vejo como uma benção as situações em que a comunidade acadêmica se aproxima da sociedade mogiana e interage com ela”, definiu.

Como exemplo de parceria bem-sucedida, o palestrante citou o projeto efetivado no Largo do Rosário. “A imagem refletida no painel colocado na praça resgata a arquitetura da Igreja do Rosário que havia sido demolida décadas atrás para dar lugar a um empreendimento comercial”, esclareceu, ao rememorar que o trabalho saiu da própria Universidade Braz Cubas por meio do, então, professor Chavedar.

Presente à palestra, o vereador Juliano Abe (PSD), filho de Junji, chamou atenção para a importância de alunos e professores recorrerem com mais frequência à Câmara Municipal. “Somos os representantes da população e temos o dever de atuar na concretização de iniciativas voltadas ao bem comum. Estamos à disposição de vocês para tratar de assuntos de interesse da coletividade”, manifestou-se. Ele elencou uma série de temas relacionados ao planejamento e mobilidade urbanos, em análise no Legislativo mogiano, que poderiam ser objeto de trabalho conjunto com a comunidade acadêmica.

Ao final, os docentes e a coordenadora do evento, Rita Ruas, elogiaram a disposição de Junji de ministrar a palestra. “Sua exposição foi muita rica e inspiradora. É exatamente o que nossos alunos precisam para se dedicarem, cada vez mais, à missão de pensar melhor as questões urbanas e terem satisfação em contribuir com a comunidade”, expressou-se Miriam Escobar que, juntamente com o professor Carlos Costa, presenteou o ex-prefeito com o livro de autoria dela “Esculturas no Espaço Público em São Paulo”.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
Tels: (11) 99266-7924 e (11) 4721-2001
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