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Ciência no combate à fome
Quinta-feira, 04 de Agosto de 2016 Enviar por e-mail Versão para Impressão acessos
2026
 
Muita gente que assistiu à edição mais recente do reality show culinário MasterChef Brasil pode ter ficado surpresa com o desafio de preparar pratos usando plantas que a maioria costuma ver como mato. Foi um bom estímulo para a revisão de conceitos. Taioba, serralha, ora-pro-nóbis, araruta, vinagreira, mangarito, jacatupé, peixinho, azedinha, lírio do brejo, hibisco e tiririca entre outras, são alimentos nutritivos e até medicinais.

Há 795 milhões de habitantes passando fome no planeta. No Brasil, cerca de 6% da população sofrem de desnutrição, o que representa 12 milhões de pessoas. Em 2050, o mundo terá 9,5 bilhões de moradores, o que demanda um aumento de 60% na produção de alimentos. Os dados da Organização Mundial para Agricultura e Alimentação (FAO) comprovam que ciência e vontade política, livres de tabus e preconceitos, precisam caminhar juntas para evitar que a humanidade sucumba por falta de comida.

O atendimento à demanda projetada por alimentos depende de elevar a produção mundial para 22 bilhões de aves, 1 bilhão de porcos, 1,6 bilhão de bovinos e búfalos, 2 bilhões de ovelhas e cabras. O setor está sob pressão para melhorar suas técnicas de produção e seus métodos de alimentação desses animais, visando a produção em larga escala sem comprometer a sustentabilidade do planeta.

Também é vital expandir os resultados das culturas de extensão como soja, arroz, trigo, feijão, milho etc. O Brasil alcança, no máximo, metade da produtividade por hectare obtida em países como EUA e China. Lá, produzem 10 toneladas de trigo por hectare. Aqui, cinco.

Mas, não são apenas as grandes culturas que merecem atenção. É fundamental destacar a dieta equilibrada com a participação de hortaliças – inclusive as tradicionais focadas no reality show culinário – e frutas. São produtos que combatem doenças cardiovasculares, diabetes, úlcera, colesterol ruim e câncer entre outras. Daí a importância de cinturões verdes como o de Mogi das Cruzes e Região. É onde impera a policultura em pequenas propriedades altamente produtivas, com aplicação de tecnologia de ponta.

Dar cabo da necessidade cada vez maior de comida é uma missão que só será cumprida com atitude plural. Otimizar a produção de alimentos requer esforço interdisciplinar e multidisciplinar, envolvendo, entre tantas iniciativas, o aprimoramento de pesquisas genéticas. Falo de fortes investimentos em pesquisas e uso de altíssima tecnologia para melhorar a produtividade e recuperar áreas degradadas – 36 milhões de hectares no Brasil. No mundo inteiro, quase inexistem áreas virgens para cultivo.

Enquanto a ciência é vital no processo, dá desespero de ver as maiores instituições de pesquisa no País agonizando por falta de investimentos. É o caso da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em São Paulo, o renomado Instituto Agronômico de Campinas (IAC) está sucateado há mais de 30 anos. Refletem o fato de os governantes só investirem em iniciativas visíveis em curtíssimo prazo. Ou seja, com retorno que apareça durante o exercício dos seus mandatos.

Além de elevar a quantidade e qualidade dos produtos, há mais medidas imprescindíveis. É preciso reduzir as perdas no trajeto entre o produtor e o consumidor, que alcançam 30%, no caso de perecíveis como os hortifrútis. Outro gargalo imenso reside na comercialização, ainda ancorada num retrocesso imperdoável por conta do desprezo governamental. Basta citar as Ceasas. Além de serem estruturas ultrapassadas, viraram quase proibitivas para quem cultiva itens perecíveis. Nos grandes centros urbanos, pululam proibições de tráfego de caminhões, num manifesto de total insensibilidade com os produtores e com a mercadoria perecível.

Para alavancar a produção agrícola, o Brasil também carece desesperadamente de sintonia perfeita entre pesquisa, assistência técnica e extensão rural para capacitação profissional. Mas, não é só. O setor precisa receber a devida atenção. Falo da revisão da logística de transporte para privilegiar o uso de ferrovias em vez de rodovias, da manutenção de estradas rurais, de financiamentos acessíveis, de seguro rural que seja bom para o produtor e não para os bancos. Falo também de estruturas adequadas de eletrificação, telefonia e acesso à internet. Falo ainda de remover os gargalos na comercialização e reduzir a tributação sobre propriedade rural, veículos, equipamentos, insumos e produção. São medidas fundamentais para aumentar a produtividade (produzir muito mais numa área com a mesma dimensão), baixar preços, elevar a qualidade e a oferta de alimentos.

Apesar não estar no desempenho de função pública, tenho orgulho de continuar líder rural. Defendo o setor não por ser produtor. Mas, por entender a vocação deste País para o agronegócio. Luto junto aos políticos e governantes desinformados para que enxerguem o campo, além dos cobiçados votos das cidades.

Se a atividade produtora de alimentos, principalmente a cadeia de hortifrutigranjeiros – onde se concentram os relegados míni, pequenos e médios produtores –, não receber a legítima e merecida atenção, a população mundial será a grande sacrificada. Sem querer ser o mensageiro do apocalipse, digo que haverá conflitos muito mais agudos do que aqueles que massacram o Oriente Médio. Aparentemente, pela guerra. Porém, numa reflexão mais profunda, por fome.
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