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Árdua luta
Quinta-feira, 08 de Setembro de 2016 Enviar por e-mail Versão para Impressão acessos
2011
 
Todo ano, 320 mil jovens brasileiros, na faixa etária de 25 a 39 anos, morrem por causa do alcoolismo. O Brasil é o terceiro país das Américas com mais mortes de homens causadas pelo álcool. De 3% a 10% da nossa população fazem uso abusivo de bebidas, prática catalogada pela Organização Mundial de Saúde como verdadeira epidemia e que figura como a terceira causa de mortes no mundo. Só perde para o câncer e doenças cardíacas.

Homem chega em casa bêbado, espanca a esposa e bate nos filhos. Motorista embriagado perde o controle do carro e atropela pedestres. São notícias corriqueiras no País, que confirmam outras consequências graves do alcoolismo, líder do ranking de causas da violência familiar e urbana, incluindo agressão sexual. Alguém embriagado pode prejudicar quem está ao redor, colocar pessoas em risco de acidentes ou transformá-las em vítimas de comportamento violento.

O alcoolismo também é o terceiro motivo para faltas e a razão mais frequente de acidentes. A doença é a oitava origem de concessões de auxílio-doença e consome de 0,5% a 4,2% do PIB, segundo a Associação dos Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead). Dados da entidade mostram que 61% dos condutores envolvidos em ocorrências de trânsito estavam embriagados. O índice sobe para 75% nos casos fatais. A vigência da Lei Seca foi um avanço, mas fracassou por falta de fiscalização eficiente. Nas capitais brasileiras, aproximadamente 150 mil dirigem após ingerir bebidas alcoólicas. Uns morrem e muitos matam.

Diante do quadro estarrecedor, poder público e sociedade precisam atuar juntos para pôr em prática medidas capazes de combater o problema. Se o que é ilegal e vigiado pela polícia já se prolifera, imagine o que não contraria a legislação. O álcool é uma droga lícita. Logo, o primeiro ponto é a conscientização para evitar o consumo excessivo. Isto precisa ocorrer com programas de prevenção e ações dirigidas, incluindo restrições à disponibilidade de produtos, aumento de preços e controle no mercado e na publicidade. Não pode perdurar a bateria publicitária de gente feliz (e famosa) enchendo o caneco.

Para prevenção do alcoolismo e outras dependências químicas, é vital atuar de forma vigorosa e contundente, principalmente no sistema de ensino. Como exemplo, cito o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), de iniciativa da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Foca o combate ao vício por meio da conscientização na rede escolar. Desde minha primeira gestão como prefeito, em 2001, atuamos em parceria em Mogi das Cruzes. Pelos resultados altamente benéficos que colhemos, rogo para que projetos similares se espalhem pelo País.

Nessa direção da prevenção, registro as sinceras congratulações às pessoas que se esforçam para convencer a sociedade a ficar longe das drogas. É o caso de membros e voluntários da Igreja Adventista que, no mês passado, fizeram uma passeata pelo centro urbano de Mogi das Cruzes. Com faixas, cartazes, folhetos, apitos e bexigas, além de encenações teatrais, demonstraram as graves consequências do alcoolismo para o organismo, família e convívio social. Foi uma lição de cidadania que precisa ser assimilada e incorporada também pelos governantes para que saiam da zona de conforto e ataquem, de fato, as causas dos problemas. Não apenas os efeitos. Os exemplos reforçam minha eterna luta em prol das políticas públicas voltadas à prevenção, muito mais eficientes e baratas que as, embora necessárias, providências curativas.

O importante trabalho da sociedade civil não livra o País da responsabilidade de melhorar sua estrutura de tratamento aos dependentes químicos. Por iniciativa da Prefeitura, Mogi das Cruzes, por exemplo, ganhará neste ano o Caps AD 24 horas (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) e a UAA (Unidade de Acolhimento Adulto). O primeiro disponibilizará equipe multidisciplinar para atender, em tempo integral, às pessoas com necessidades específicas por causa do uso de álcool e outras drogas. O outro garantirá assistência ambulatorial e dez leitos para abrigo, por período curto, de pacientes em momentos de crise.

São dois tipos de assistência inéditos na Cidade. Principalmente, porque atuarão com a função principal de prover a reinserção social pelo acesso ao trabalho, lazer e fortalecimento dos laços familiares, assim como o resgate de elos comunitários. Faço votos que esse trabalho seja complementado com a aprovação de um projeto de Lei (6737/2013), que apresentei enquanto deputado federal e prevê tratamento domiciliar aos dependentes de drogas.

A iniciativa visa facilitar o acesso aos serviços que auxiliam na manutenção da abstinência, assim como combater a reincidência e proporcionar maior eficiência à recuperação. Apesar de ser considerada uma demanda da saúde, a dependência de drogas e álcool precisa ser entendida não apenas pelos aspectos físicos e fisiológicos, mas também pela dimensão psíquica ou emocional. O cenário a ser analisado inclui fatores sociais, culturais e familiares. O tratamento compreende a atuação de diversas áreas profissionais de forma integrada. Assim, é possível lidar com a dependência química sem a descrença quanto à recuperação.

O acompanhamento domiciliar já é praticado em várias Clínicas-Escola de universidades brasileiras, com resultados animadores. Dependentes e familiares recebem profissionais da saúde em casa, o que resulta em aumento de adesão ao tratamento, início de atendimento àqueles avessos à ideia de ir até o hospital, aumento do tempo de abstinência e diminuição de reincidência.

Apesar de necessária em muitos casos, a hospitalização vem sendo considerada insuficiente. Faz-se necessária, após a alta, a adoção dos tratamentos que auxiliam na manutenção da abstinência, por meio de estratégias como a farmacoterapia, psicoterapia e reabilitação social.

O tratamento domiciliar tem o mérito de possibilitar o envolvimento direto dos familiares no processo de recuperação. O dependente químico sente a responsabilidade de se esforçar e sabe que conta com o fundamental apoio da família para sair vitorioso da árdua luta contra as drogas. Quando deixei a Câmara, em janeiro de 2015, minha proposta foi arquivada e retornou à apreciação por iniciativa de outro parlamentar, no exercício do cargo e autor de trabalho apensado na mesma árvore de proposições liderada pelo projeto mais antigo (5857/2009). Agora, a expectativa é que vire lei, contribuindo com iniciativas como a da Prefeitura de Mogi.
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