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Revisão de rumos
Ter�a-feira, 26 de Janeiro de 2021 Enviar por e-mail Versão para Impressão acessos
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Semanas atrás, veio o anúncio da indústria automotiva Ford de que, após 100 anos, fechará suas fábricas no Brasil. Na opinião de especialistas da área, o fenômeno vem acontecendo gradativamente desde o Plano Real, deteriorando-se com o governo Dilma Rousseff e recrudescendo na pandemia. As razões são inúmeras.

Como modesto observador do desenvolvimento nacional, recuo no tempo para concluir que o processo de perdas começou no período do governo Juscelino Kubitschek, ao priorizar a indústria automobilística para o crescimento brasileiro. Cometeu-se um erro crasso e uma estratégia mortal, ao deflagrar o célere sucateamento do sistema ferroviário, notadamente num País com dimensão continental. Os governantes ficaram anestesiados pela revolução automotiva, verdadeiro canto do cisne. O bom senso indicava o desenvolvimento da indústria automobilística. Contudo, sem parar o investimento no modal ferroviário para o deslocamento de cargas e o transporte de passageiros em trens e metrôs.

Claro, a cadeia produtiva da indústria automotiva, além de colossal, gera empregos, tributos e riquezas imediatas. Ainda hoje, com crescente automação, modernização e tecnologia, ela é a campeã na geração de empregos. Os olhos dos políticos só enxergaram isso. Foi lamentável e mortal! Afinal, o sistema ferroviário é imbatível no deslocamento de pessoas e de cargas. Repito, principalmente num País continental. Faltaram governantes com espírito estadista. O interesse político-eleitoral prevaleceu e, até agora, nada mudou.

Quando se fala no alto custo Brasil, dentre dezenas de fatores negativos, despontam o Real altamente desvalorizado frente ao dólar; a voraz, perniciosa e escandalosa tributação, uma das mais altas do mundo; o alto custo social da relação trabalhista; empreendedores e trabalhadores sem a devida formação profissional; burocracia sistêmica; estrutura logística e produtiva arcaicas, que ocasionam queda nos índices de produção e, por último, o esfacelamento do modelo ideal – o binômio ferrovia-rodovia.

Além de entusiasta, sou pragmático em referência ao sistema ferroviário. Pagamos a conta de estratégias governamentais equivocadas que permanecem há décadas. Para produzir cereais (commodities) no centro-oeste, norte e parte do nordeste – por mais que o Brasil seja privilegiado no agronegócio –, por ausência de ferrovias, o custo eleva-se no mínimo 20%, em comparação com países como EUA, Canadá, China e Rússia dentre outros, diminuindo o poder competitivo. No tempo das safras, há veículos encalhados em rodovias de terra, custo descomunal de pedágios e cidades portuárias com congestionamentos monstruosos.

Nas cidades brasileiras, o mal é maior. Sem trens e metrôs suficientes e com o transporte público automotivo precário, milhões de veículos vivem diariamente congestionando vias públicas, gerando caos e prejuízos incalculáveis.

Caso não haja mudanças corajosas na conduta dos gestores públicos, com visão estadista, para proporcionar novas alternativas de modelo econômico mais equilibrado, não será somente a Ford. Inúmeras outras multinacionais deixarão o Brasil e as empresas nacionais continuarão fechando suas portas. O quadro impulsionará ainda mais o desemprego que já vitima 14,1 milhões de trabalhadores.

Só interesseiros, insensíveis e despreparados não se importam com desgraças desta dimensão catastrófica. Estamos cada vez mais submissos a países que trabalham intensamente, com sentimento global, exportando desde produtos de R$ 1,99 até de alta tecnologia abrangendo todos os setores, insumos diversos e sem exclusão dos automotivos. Tornamo-nos um País importador, seja industrial ou comercialmente falando.

Já nos tornamos, há algum tempo, escravos de outras nações que ceifam nossos empregos, debilitam nossas empresas e matam nossa economia. Logo, logo, estaremos amargando a condição de País dormitório.

Que as observações e comentários modestos deste cidadão octogenário ajudem a inspirar mudanças no Brasil. E que possamos cantar, com peito estufado de glória, o Hino Nacional, especialmente no verso: “Gigante pela própria natureza. És belo, és forte, impávido colosso. E o teu futuro espelha essa grandeza”.

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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