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O reencontro
Sexta-feira, 01 de Julho de 2016 Enviar por e-mail Versão para Impressão acessos
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É possível encontrar alguém que tem 104 anos de idade, uma memória prodigiosa e impecável lucidez? É possível que essa pessoa tenha carregado no colo o menino que fui e ajudado a cuidar daquele moleque travesso? É possível reencontrar essa pessoa tão querida, saber que ela se lembra perfeitamente de você, guarda momentos incríveis na alma e abre seu coração para falar dos tempos que vivemos? Sim. É real. Reencontrei dona Mariquinha! Bem aqui, em Mogi das Cruzes. Precisamente, no Conjunto Oropó. O dia indescritível que vivemos se deve à neta Elisabete e à amiga Maria de Lourdes Uda que me localizaram nas redes sociais e propiciaram a visita que fiz, em companhia do meu filho, Juliano Abe.

Dona Maria de Jesus Siqueira, a Vovó Mariquinha, chegou à Fazenda Abe em 1944. Veio com o pai Bibiano, sua mãe Eudóxia, o marido Odorico e os filhos, em busca de dias melhores, já que as dificuldades tinham consumido a plantação de café onde trabalhavam, na região de Cunha. Mamãe Fumica se desdobrava para cuidar da Hatue, 7 anos, do Hidekasu, 5, de mim, com 3, e de Shizuyo, de 1 ano, além dos muitos afazeres na casa de 12 pessoas e do trabalho pesado na roça. Assim, dona Mariquinha entrou em nossa família e se instalou em nossos corações.

Rememoramos que eu jogava bola com os filhos dela, Chico e Branco, já falecidos. A primogênita Terezinha era uma trabalhadora rural exemplar! Os fatos da vida nos afastaram fisicamente. Mas, nossas almas se mantêm entrelaçadas. Em nosso bate-papo, marcado por emoção extrema, dona Mariquinha provou o quanto sua memória é afiada. Ela se lembrou das viagens anuais que fazíamos à Aparecida do Norte para agradecer a Padroeira. Saíamos em cima do caminhão às 5 horas, chegávamos em Caçapava às 11 horas, almoçávamos em campo aberto e, às 17 horas, desembarcávamos no destino.

Minha ex-babá, eterna cuidadora, rememorou, aos prantos, que o velho Abe, meu avô Tokuji, arcava com todas as despesas – hospedagem, comida e lembrancinhas. Ele fazia questão que os camaradas – como os trabalhadores rurais eram chamados, na época – partilhassem do ritual de gratidão à Nossa Senhora.

Momentos assim, ao lado da querida dona Mariquinha, fazem a vida ser mais vida. Fazem a gente ter certeza de que nada é complicado o bastante que não possa ser simplificado, administrado, compreendido. No mundão de hoje, dona Mariquinha é raridade! Simples e amável como sempre, expressou como só alguém como ela faria os sublimes sentimentos de respeito, reconhecimento, amizade, gratidão e amor. Muito amor. Do alto dos meus 75 anos, voltei a ser o menino que se aninha nos braços da sua protetora. Muito obrigado, meu Deus! Muito obrigado a todos!

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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